Em uma conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que apoia uma alteração na lei que trata da delação premiada para impedir que um preso se torne colaborador em investigações. O diálogo foi divulgado pela Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (25).
A delação premiada é o principal procedimento utilizado pela Lava Jato para avançar na investigação do esquema de corrupção na Petrobras. Sérgio Machado e Renan Calheiros são alvos da operação.
Em um dos trechos obtidos pela Folha, Machado sugeriu um "pacto" que seria "passar uma borracha no Brasil" e Renan respondeu: "antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação".
Se a mudança fosse efetivada, poderia beneficiar o ex-presidente da Transpetro, que procurou Romero Jucá, Renan Calheiros e José Sarney porque temia ser preso e virar réu colaborador.
O presidente do Senado também relatou que outros políticos "estão com medo" da Lava Jato. “Aécio está com medo. [Me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.'”, referindo-se à delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral. Renan se refere a ele como “o mais perigoso do mundo”.
Renan ainda sugeriu que que poderia "negociar" com membros do Supremo Tribunal Federal (STF) "a transição" de Dilma Rousseff, presidente hoje afastada. O senador disse que seu plano A para a crise política do Brasil é um semiparlamentarismo. O impeachment da petista seria o plano B. Segundo Renan, os ministros não negociavam com Dilma porque estavam "putos" com ela.
Sérgio Machado gravou pelo menos duas conversas com Calheiros desde março. Na madrugada desta quarta-feira (25), Renan deixou seu gabinete no Congresso sem comentar o assunto.