Aloysio Nunes defende busca e apreensão no apartamento de Gleisi

A posição vai de encontro a de outros senadores, da oposição e até da base do governo Temer, para criticar o que consideraram excessos da operação Custo Brasil
Estadão Conteúdo
Publicado em 24/06/2016 às 16:48
A posição vai de encontro a de outros senadores, da oposição e até da base do governo Temer, para criticar o que consideraram excessos da operação Custo Brasil Foto: Foto: Moreira Mariz/Agência Senado


O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), líder do governo Temer na Casa, defendeu nesta sexta-feira (24), a decisão do juiz de primeira instância Paulo Bueno de Azevedo, de autorizar a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo e a realização de busca e apreensão no apartamento funcional de sua esposa, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). "Não vejo violação de competência do Supremo porque a imunidade é da senadora, ela que tem prerrogativa de foro. A imunidade não se comunica ao marido nem ao local em que eles vivem", afirmou Nunes em entrevista à reportagem.

A posição vai de encontro a de outros senadores, da oposição e até da base do governo Temer, para criticar o que consideraram excessos da operação Custo Brasil, deflagrada nessa quinta-feira (23). O Senado chegou a protocolar uma reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o juiz de primeira instância. 

Nunes contrariou até mesmo a avaliação do líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), que havia classificado como "abuso" o fato de um juiz de primeiro grau ter autorizado busca e apreensão no apartamento funcional de uma senadora. "Só quem poderia autorizar essa ação é o Supremo", disse ontem o líder partidário.

Aloysio Nunes destacou ter lido a decisão do juiz e observado que ele foi "muito cuidadoso", deixando claro que os mandados deveriam se circunscrever a documentos e objetos de Paulo Bernardo. "Na minha opinião não houve abuso, mas a questão está no Supremo e, evidentemente, cabe à Corte a palavra final."

Impeachment no Senado

O líder do governo rechaçou o discurso de petistas ontem, de que a operação Custo Brasil teve motivação política. Segundo petistas, o governo Temer teria reagido para se sobrepor à defesa de Dilma Rousseff que vinha numa crescente no Senado. "Isso é conversa", rebateu Nunes. "A situação do impeachment está resolvida no Senado não depende desse fato."

Perguntado sobre o fato de que apenas 38 senadores declararam voto pelo afastamento definitivo de Dilma, de 54 necessários - segundo o Placar do Impeachment do jornal O Estado de S. Paulo -, Nunes afirma que o cenário não está atualizado pois há senadores que apenas não querem declarar o voto.

"Tem gente que nitidamente vai votar a favor do impeachment, só não quer dizer agora. Não quero me referir a senadores, mas posso te assegurar que temos uma maioria absolutamente consolidada. Com gordura até pra sofrer uma pequena lipoaspiração se for inevitável", brincou. E afirmou que nem o PT nem o ex-presidente Lula querem Dilma de volta à esta altura. "Ninguém vai assumir a responsabilidade de trazer de volta uma Dilma que hoje está muito pior do que era quando saiu. Ninguém quer que ela volte, nem os senadores do PT, nem o próprio Lula."

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