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Maranhão recua e diz que não vai instalar CPI da UNE

Segundo governistas, a decisão de cancelar a instalação da CPI contaria com o apoio do Temer, que quer evitar protestos durante o processo impeachment e a Olimpíada, em agosto
Estadão Conteúdo
Publicado em 30/06/2016 às 20:26
Segundo governistas, a decisão de cancelar a instalação da CPI contaria com o apoio do Temer, que quer evitar protestos durante o processo impeachment e a Olimpíada, em agosto Foto: Foto: Agência Senado


O presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), afirmou que não vai autorizar a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da União Nacional da Estudantes (UNE). Mesmo após os membros da CPI terem sido escolhidos, a reunião para a instalação do colegiado foi adiada pelo parlamentar três vezes nas últimas semanas, sem qualquer justificativa do presidente da Casa. Na última terça-feira, depois de mais um adiamento, Maranhão disse ao líder do governo, André Moura (PSC-SP), que não vai instalar nenhuma CPI enquanto estiver à frente do comando dos trabalhos legislativos.

 

Maranhão teria dito a Moura que as CPI's são muito "polêmicas". Ele considera que terá pouco tempo à frente dos trabalhos legislativos, pois logo deverá ser substituído, e não quer se indispor com os estudantes da UNE. O presidente em exercício Michel Temer também compartilharia do mesmo sentimento. Segundo governistas, a decisão de cancelar a instalação da CPI contaria com o apoio do Temer, que quer evitar protestos durante o processo impeachment e a Olimpíada, em agosto. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, que já foi presidente da instituição em 1963, então com 21 anos, também seria contrário à instalação.

Escolhida para ser presidente da CPI e uma das principais defensoras do colegiado, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) adiantou que vai entrar com um mandado de segurança até a próxima quarta-feira, 6, para garantir a instalação da comissão na Justiça. Segundo ela, Maranhão se comprometeu pessoalmente a instalar o colegiado, mas não cumpriu a sua palavra e "boicotou deliberadamente" o início dos trabalhos. "Ele podia ter sido sincero, jogado limpo, mas não, preferiu fazer os deputados de bobo", declarou a deputada. "Estamos vivendo um momento de transformações e a UNE não está imune a isso. Tem que ser passada a limpo também", defendeu.

Segundo André Moura, durante a conversa com Maranhão na última terça, ele tentou ponderar sobre a instalação, porém ele estava irredutível. Apesar disso, o líder do governo comentou que a CPI da UNE não é defendida pelo Planalto, e sim por aliados da base na Câmara. Além de Cristiane, os deputados Marco Feliciano (PSC-MT) e Bruno Covas (PSDB-SP) articulam pela abertura da CPI. Nos bastidores, deputados afirmam que o presidente interino estaria sofrendo pressões do governador do Maranhão, Flávio Dino, que é do PCdoB, partido que preside a UNE há décadas. Procurada, a assessoria de Maranhão disse que ele não iria comentar o caso. 

De acordo com a Coluna do Estadão, o presidente interino da Câmara teria decretado um "feriado prolongado" de São João, nesta e na última semana, justamente para evitar a CPI da UNE. A Comissão foi anunciada pelo presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no dia 4 de maio. O pedido de instalação foi apresentado pelo deputado Pastor Marco Feliciano. No requerimento, o parlamentar pedia a investigação com base em seis fatos, entre eles, como a UNE aplicou R$ 44,5 milhões recebidos a título de indenização da União pelos danos sofridos na ditadura militar e investigação de convênios do governo federal com a entidade entre 2006 e 2016.

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