O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as investigações da Lava Jato na primeira instância, disse nesta quarta-feira (10) que o andamento das investigações mostra que "a democracia está se mexendo", com a mobilização de segmentos da sociedade brasileira no enfrentamento da corrupção. Moro destacou que o País precisa de uma agenda de reformas.
"O que é importante é que esse caso não fique apenas nos culpados, nos punidos, mas que isso propicie uma agenda de reformas", disse o juiz federal, durante palestra em Brasília, citando a mobilização do Ministério Público Federal na aprovação de medidas de combate à impunidade.
"Mais que a aprovação delas, se o Congresso de fato fazê-lo, o importante é que o Congresso sinalize que estamos andando para frente, que está atento ao problema e que também é um partícipe da resolução desse problema."
Eleito uma das cem pessoas mais influentes do mundo pela revista "Time", Moro foi ovacionado pelo público ao ter seu nome anunciado ao público de cerca de 200 pessoas, que lotou o auditório de uma instituição de ensino superior, em Brasília.
Ao falar sobre a operação Lava Jato, Moro destacou que as investigações não são trabalho de um indivíduo apenas, nem de um "super-juiz" ou "super-procurador". "O que existe é um trabalho institucional. Esse apoio da opinião pública e das pessoas que saem nas ruas revela que a democracia está se mexendo, e esse é o ponto mais importante, que propicia a adoção dessa necessária agenda de reformas", comentou o juiz federal.
"Podemos ver esse quadro com o pessimismo da corrupção sistemática, mas devemos pensar na perspectiva otimista, de que essas manifestações nos propiciam uma oportunidade única de mudança e devemos aproveitar essa oportunidade", prosseguiu.
Moro destacou que o julgamento do mensalão representou um marco no combate à impunidade. "O STF (Supremo Tribunal Federal) deu uma resposta importante - e isso transcende os resultados do caso concreto -, uma sinalização de que as instituições podem e devem fazer algo em relação a esses crimes", ressaltou Moro.