Técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entregaram nessa segunda-feira (22), a perícia realizada sobre documentos de empresas que prestaram serviços à campanha eleitoral que elegeu a presidente afastada Dilma Rousseff e o presidente em exercício Michel Temer, em 2014. Os peritos identificaram irregularidades nas contratações. A suspeita da Justiça Eleitoral é de que as firmas sejam empresas de fachada.
Com o fim da fase de perícia, a relatora do caso, ministra Maria Thereza de Assis Moura, já agendou os depoimentos das testemunhas. Segundo o laudo dos peritos, três empresas não apresentaram documentos capazes de comprovar que, efetivamente, prestaram serviços no valor pago pela campanha presidencial. As empresas que se encontram nessa situação são a gráfica VTPB, a Red Seg Gráfica e Editora e a Focal.
Os técnicos apontaram que uma quarta empresa que teve os documentos analisados, a Gráfica Atitude, não foi contratada pela campanha. A Gráfica Atitude é suspeita de ter sido usada para captar propinas para o PT, segundo investigações da Operação Lava Jato.
Em abril, a relatora autorizou o início da colheita de provas para a ação proposta pelo PSDB que investiga se houve abuso de poder político e econômico pela campanha vencedora, composta pela chapa PT-PMDB, nas eleições presidenciais de 2014. A ação de investigação que corre no TSE pode resultar na cassação dos mandatos de Dilma e Temer e na inelegibilidade dos dois. Se o impeachment de Dilma for confirmado pelo Senado, o processo ainda continua no TSE.
Ao menos dez testemunhas serão ouvidas em setembro pela Justiça Eleitoral, segundo despacho da relatora. Serão ouvidos no dia 16 de setembro, no Rio, o ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco; os lobistas Hamylton Pinheiro Padilha Junior e Zwi Skornicki – apontado como operador de propina da Odebrecht no exterior –; e o ex-diretor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada Marcelo Néri.
No dia 19 de setembro, serão ouvidos em São Paulo os empresários Augusto Mendonça (da Toyo Setal), Eduardo Hermelino Leite (da Camargo Corrêa) e Ricardo Pessoa (do UTC), além do lobista Julio Camargo e os executivos Flávio Barra e Otávio Marques de Azevedo, ligado à Andrade Gutierrez.
A ministra solicitou cópia das delações de Pessoa e de nomes ligados à Andrade Gutierrez – a colaboração de executivos da Andrade, porém, é mantida sob sigilo no Supremo Tribunal Federal
A defesa de Dilma afirmou que só vai se manifestar após ver o laudo completo da perícia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.