O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, evitou fazer comentários sobre o discurso de defesa da presidente afastada Dilma Rousseff, no plenário do Senado, mas reiterou o placar que havia defendido antes, de 61 votos a favor do impeachment. "Eu sempre disse que eu era pessimista no placar de 61 (votos pelo afastamento definitivo de Dilma)", disse o ministro Padilha, ao sair de uma reunião de preparação das Paralimpíadas, no Palácio do Planalto. Em outra ocasião, Padilha falou que, de forma otimista, o governo poderia conseguir até 63 votos.
CONFIRA NA ÍNTEGRA O DISCURSO DE DILMA
A declaração do ministro demonstra a avaliação do Planalto de que a defesa de Dilma não trouxe nenhum impacto político sobre os senadores e que não foi capaz de virar nenhum voto. O Planalto classificou ainda a fala de Dilma como "fraca, politicamente" e "repetitiva", "incapaz de angariar votos a seu favor".
Apesar de ter passado a manhã ao lado do presidente em exercício, Michel Temer, no Palácio do Jaburu, Padilha afirmou que os dois não assistiram a fala da presidente afastada na TV, justificando que, na verdade, estavam discutindo sobre o orçamento de 2017, que será encaminhado ao Congresso no dia 31 de agosto. Só que o ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, só chegou ao Jaburu bem depois de o discurso de Dilma ter se encerrado. Também esteve no Jaburu, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz.
Questionado se o Planalto não ia responder às críticas de Dilma ao governo, Padilha respondeu: "o que o governo vai responder?" Perguntado ainda se achava que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), iria votar a favor do impeachment, Padilha desconversou: "ele que fale".
Renan Calheiros teve um embate, na sexta-feira, em plenário, com os senadores oposicionistas ao responder à senadora petista Gleisi Hoffmann (PR), que disse que muitos dos parlamentares ali não tinham moral para julgar Dilma. A dura resposta de Renan e as insinuações em relação à Gleisi e à ajuda que teria dado a ela e seu marido, no Supremo Tribunal Federal, foram entendidas no Planalto como uma possibilidade de votar com o governo.
Nesta tarde, Temer estava em despachos internos em seu gabinete e também recebeu em cerimônia os atletas medalhistas da Olimpíada. O presidente em exercício tenta dar uma demonstração de que está "tocando o governo", como se estivesse alheio à sessão do Congresso.