O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afirmou nesta quarta-feira (23) ao juiz federal Sérgio Moro que na época em que presidiu o Conselho de Administração da Petrobras - entre abril de 2010 e março de 2015 - "não tomou conhecimento de nenhum assunto (de interesse) do doutor Eduardo Cunha" na estatal petrolífera.
Mantega depôs como testemunha de defesa do ex-presidente da Câmara, preso na Operação Lava Jato por ordem de Moro. O ex-deputado do PMDB também arrolou para sua defesa o presidente Michel Temer, que vai depor por escrito.
O ex-presidente da Câmara é réu em ação penal por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele teria recebido propinas em um negócio da Petrobras relativo à compra do campo de Benin, na África, em 2011.
O depoimento de Mantega ocorreu por vídeoconferência. O ex-ministro depôs em uma sala da Justiça Federal em São Paulo. O juiz Moro estava no prédio da Justiça Federal em Curitiba, sua base e da Lava Jato.
Um dos advogados de Cunha, o criminalista Marlos Arns, perguntou a Mantega, inicialmente, sobre a aquisição, pela Petrobrás, do bloco de Benin, e se ele teve conhecimento de como se realizou o negócio.
"Sim, foi para avaliação do Conselho de Administração em janeiro de 2011. A Diretoria Executiva fez uma proposta para que houvesse aquisição de 50% do bloco 4 na República de Benin", respondeu o ex-ministro. "Como de costume a Diretoria Executiva apresenta a proposta para o Conselho de Administração, faz ponderações, apresenta os dados. Depois, o Conselho de Administração discute, tira as dúvidas. Aprovou essa aquisição "
O advogado indagou se "foi uma aprovação tranquila ou se houve divergências".
"Não me recordo especificamente, mas foi aprovada por unanimidade", respondeu Mantega. "Sempre há uma discussão porque o Conselho de Administração questiona todas as compras e vendas, o que é normal. Ao final, vota-se."
Em seguida, o advogado perguntou se ele "tinha conhecimento da participação do sr. Eduardo Cunha".
"Não tenho conhecimento de nenhuma participação do sr. Eduardo Cunha", respondeu o ex-ministro.
Mantega foi questionado, ainda, se determinou alguma auditoria ou criou comissão de apuração sobre a compra de Benin. "Existe auditoria normal da Petrobras, tem o comitê de auditoria que audita todas as operações. Não houve nenhuma auditoria específica sobre este projeto."
O advogado do ex-presidente da Câmara insistiu. "Durante seu período no Conselho da Petrobras tomou conhecimento de alguma participação do sr. Eduardo Cunha em qualquer assunto relacionado à Petrobras?"
Guido Mantega disse. "Não, durante meu período não tomei conhecimento de nenhum assunto do doutor Eduardo Cunha."