O engenheiro Shinko Nakandakari, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou em complemento a sua colaboração premiada que ofereceu um "incentivo" ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e ao ex-gerente executivo da estatal Pedro Barusco para aprovar um aditivo sobre contrato de um gasoduto. Nakandakari declarou à Polícia Federal que dirigentes da EIT (Empresa Industrial Técnica) lhe pediram que fizesse pagamentos a Renato Duque e Pedro Barusco para os contratos da Gasene e da Refinaria de Abreu e Lima.
Barusco também é delator da Lava Jato. Renato Duque está preso desde março de 2015 e tenta fechar seu acordo com o Ministério Público Federal para contar o que sabe em troca de benefícios. Duque já foi condenado a mais de 50 anos de detenção em três processos julgados pelo juiz da Lava Jato, Sérgio Moro.
Shinko Nakandakari fechou delação premiada 2015. Ao firmar o acordo, o delator fica à disposição do Ministério Público e da Polícia para esclarecimentos durante um período de tempo. Este depoimento foi prestado em 13 de setembro, como um complemento à delação de Shinko, e anexado aos autos na semana passada.
Segundo o delator, Marco Pinto Rola e Paulo Cabral "lhe pediram que fizesse os pagamentos a Pedro Barusco e Renato Duque para os contratos Gasene e RNEST, emblemática construção da Petrobras que sofreu com superfaturamento e desvios, em Abreu e Lima, Pernambuco.
"Quando se constatou que o contrato do gasoduto necessitaria de um aditivo, Paulo Cabral e Marco Rola procuraram o declarante a fim de que oferecesse a Pedro Barusco e Renato Duque algum 'incentivo' para que o aditivo fosse aprovado", declarou.
Shinko Nakandakari é apontado pelos investigadores como operador de propinas de empreiteiras na Petrobrás. "Duque e Barusco exigiam que os pedidos viessem bem instruídos da área técnica da Petrobras, não interferindo neste aspecto, contudo, uma vez que o pedido do aditivo chegasse até suas mãos, havia a necessidade de um 'incentivo' para que não colocassem nenhum problema na aprovação", afirmou.
Neste depoimento, Shinko Nakandakari não explicita valores. O engenheiro já havia delatado propinas "em espécie" (cerca de R$ 5 milhões) para Renato Duque e para o ex-gerente da RNEST Glauco Legatti. Após ter sua delação premiada frustrada, Legatti procurou o Ministério Público Federal e confessou ter recebido propina. Segundo ele, Shinko Nakandakari entregou dinheiro em espécie em caixa de uísque.
Glauco Legatti apontou ainda ter recebido propina da empreiteira Odebrecht. O ex-gerente disse que o dinheiro saiu de máquina de contar dinheiro. A reportagem não localizou Marco Pinto Rola e Paulo Cabral. O espaço está aberto para manifestação.