Nessa segunda-feira (13), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou um congresso de trabalhadores rurais em Brasília para criticar as reformas do governo Temer e avisar que vai viajar pelo País para alertar os cidadãos. "Nunca vi um presidente com tão pouco prestígio e tantos votos no Congresso", afirmou Lula sobre Temer.
O petista foi recebido pelos militantes aos gritos de "guerreiro do povo brasileiro" no 12º Congresso Nacional de Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares nesta segunda-feira (13). O evento foi organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
Lula focou seu discurso nos benefícios sociais que, segundo ele, os trabalhadores irão perder caso sejam aprovadas as reformas trabalhista e da Previdência. Para Lula, a aposentadoria rural foi uma conquista extraordinária, mas é vista como um "gasto" pelo governo atual, assim como programas como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida.
"Essa gente que ocupa cargos do governo não conhece o valor de um salário mínimo para um trabalhador rural. Nas cidades pequenas e médias do País, eles são a maioria da arrecadação da prefeitura. É esse salário que faz banco arrecadar, a economia girar, o povo comer. Eles não sabem o significado, porque para eles isso é gasto, mas para nós é investimento", afirmou.
O petista afirmou que a solução do governo atual para a crise econômica é cortar benefícios do trabalhador. "Querem diminuir o pouco de conquista que tivemos nos últimos anos. O que os incomoda não é o PT, é o filho da trabalhadora rural na universidade. Quando o pobre começa a ter direito, incomoda. Por isso, eles resolveram cortar. Vão cortar a aposentadoria e fazer reforma para prejudicar o trabalhador", disse.
Para o ex-presidente, a melhor forma de consertar a economia é com mais investimentos. "Quer resolver o rombo da Previdência? Gere 22 milhões de empregos, aumente o salário mínimo. Quer resolver o problema do Brasil? Inclua o povo pobre no orçamento da União."
O presidente tornou a afirmar que vai viajar pelo Brasil. "Estou disposto a viajar esse País alertando esse povo sobre o que está em jogo. Não se trata de ser candidato em 2018, porque a saúde é implacável. Se trata de preparar o nosso povo para não deixar ter retrocesso", disse.
Uma das razões da viagem é também a disputa pela paternidade do projeto de transposição do Rio São Francisco. Lula anunciou que no próximo domingo estará em Monteiro, na Paraíba, uma das cidades atendidas pela chegada das águas do rio na última fase da transposição.
O ex-presidente deixou claro que o projeto teve origem no seu governo. "Sabe por que só eu comecei a fazer aquilo? Porque, de todos que passaram pela Presidência da República, sou o único que já carregou um pote de água na cabeça", disse.
Lula também não perdeu a oportunidade de criticar os deslizes recentes de Michel Temer. Ele criticou o discurso do peemedebista no Dia Internacional da Mulher. "O presidente acha que lugar de mulher é na cozinha." E aproveitou para parabenizar a Contag, por estabelecer paridade entre homens e mulheres em cargos diretores.
"As mulher não vão se contentar com cotas de 30% ou 40%. Elas querem paridade, depois elas vão querer tudo. As mulheres vão provar que têm tantas ou mais condições de governar o Brasil", afirmou, recebendo aplausos das trabalhadoras presentes ao evento.
Segundo o petista, o Brasil era respeitado no exterior durante seu governo. "Hoje o presidente é um doutor que não tem coragem de sair do País, porque não tem respeito lá fora."
Acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, Lula será interrogado nesta terça-feira, a partir das 10h, na sede da Justiça Federal de Brasília. Será a primeira vez que Lula será questionado em juízo como réu numa ação penal relacionada à Lava Jato.
Também são réus da ação penal o pecuarista José Carlos Bumlai; o ex-senador Delcídio Amaral; o banqueiro André Santos Esteves; o ex-assessor de Delcídio, Diogo Ferreira Rodriguez; o advogado Edson Siqueira Ribeiro Filho; e o filho de Bumlai, Maurício. Os advogados dos réus e o representante do Ministério Público Federal, além do juiz Ricardo Leite, podem fazer perguntas para o ex-presidente.