Um total de R$ 140 bilhões é o que o Brasil deixou de arrecadar devido à recessão e à corrupção entre 2015 e 2016, conforme informações do Tribunal de Contas da União (TCU) publicadas nesta segunda-feira (8) pelo jornal Folha de S. Paulo. O cálculo, segundo a coluna Mercado Aberto, atualiza uma equação criada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em 2011, que considera números da “corrupção, redução da eficiência do gasto público e desestímulo a investimentos”.
De acordo com o ministro Augusto Nardes, técnicos do seu gabinete calcularão ainda outros dados, como o das perdas da Petrobras com a corrupção. As auditorias do TCU serão a base de dados utilizada para a realização destes cômputos.
Além do déficit na arrecadação, a crise que atinge o Brasil tem gerado outros números negativos que afetam diretamente a população. No final de abril, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o desemprego no País chegou a 13,7% no trimestre de janeiro a março, a maior taxa de desocupação da série histórica, que começou em 2012. No período, um total de 14,2 milhões de pessoas estavam desempregadas. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
Foi também o IBGE que, no último mês de março, afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou em 2016 uma retração de 3,6% em comparação com o ano anterior. Em 2015, por sinal, o PIB já havia recuado 3,8%. A sequência de dois anos seguidos de baixa só havia sido vista no Brasil em 1930 e 1931, quando foram contabilizados os recuos de 2,1% e 3,3%, respectivamente.
Apesar dos números negativos, economistas do mercado financeiro reduziram sua previsão de inflação (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA) em 2017 de 4,03% para 4,01%. Em relação ao PIB deste ano, o mercado financeiro elevou sua estimativa de crescimento de 0,46% para 0,47%. Os dados são do Banco Central e estão no boletim Focus divulgado hoje pela instituição.
Para conter a crise, a aposta do governo federal é no “sacrifício” a curto prazo para garantir um “crescimento mais robusto no futuro”, como declarou a ministra de Direitos Humanos Luislinda Valois à Organização das Nações Unidas (ONU) na última sexta-feira (5). O congelamento dos gastos públicos e as reformas previdenciária e trabalhista são os principais e mais polêmicos caminhos defendidos pelo governo para enfrentar a recessão.