O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou nesta terça-feira (4) que a prisão do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, não impacta o governo de Michel Temer. Geddel foi preso na segunda-feira (3) pela Polícia Federal em Salvador e chegou hoje na Superintendência da PF em Brasília.
O senador lamentou a prisão preventiva de Geddel por considerá-lo um amigo e defendeu que a prisão “deve ser sempre o último recurso de uma ação judicial”. “A prisão como primeiro passo é algo muito forte, muito agressivo. Eu não conheço o processo, não posso opinar, mas de todo jeito a gente sente essa decisão. Agora, isso não impacta o governo, o governo está governando, o ministro já não era ministro há muito tempo”, disse.
Jucá ressaltou que o governo continua trabalhando e tem obtido resultados positivos. Ele citou o aumento da produção da indústria em 0,8% no mês de maio. “Nós estamos fazendo o dever de casa para recuperar o Brasil. Apesar das flechadas, apesar dos ataques, apesar dos problemas, da crise política fabricada ou não, o governo está focado em melhorar a vida dos brasileiros e nós vamos fazer isso”, declarou.
A prisão preventiva foi pedida pela Polícia Federal e pelos integrantes da Força-Tarefa da Operação Greenfield, a partir de informações fornecidas em depoimentos do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva, sendo os dois últimos em acordo de colaboração premiada.
O ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima foi preso na segunda (3) pela Polícia Federal em Salvador por tentar, de acordo com a PF, obstruir a investigação de supostas irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.
Ao decretar a prisão preventiva do ex-ministro Geddel Vieira Lima, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal no Distrito Federal, autorizou a busca e apreensão de aparelhos celulares do investigado e a quebra do sigilo telefônico dos aparelhos apreendidos. O objetivo é buscar elementos para comprovar os contatos de Geddel com a esposa do doleiro Lúcio Funaro, preso na Operação Lava Jato.
Na decisão, o juiz diz que Geddel entrou em contato por diversas vezes com a esposa de Funaro para verificar a disposição do marido preso em firmar acordo de colaboração premiada, o que pode caracterizar um exercício de pressão sobre Funaro e sua família. Segundo o magistrado, não é a primeira vez que Geddel tenta persuadir pessoas ou pressioná-las, lembrando o episódio em que o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero acusou Geddel de atuar para a liberação da construção de um imóvel em Salvador.
A defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima definiu como “absolutamente desnecessário” o decreto de prisão preventiva do político. Em nota à imprensa, o advogado Gamil Föppel disse que há “ausência de relevantes informações” para basear a decisão e definiu como “erro” da Justiça Federal a autorização para a prisão.