O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, vai aos Estados Unidos na próxima semana tentar liberar a exportação da carne brasileira, usando o argumento de que, se os dois países de fato são parceiros importantes, um entendimento político precisa ser encontrado para permitir que o fluxo de bens seja mantido.
O governo confirmou que os encontros serão realizados na segunda-feira (17), em Washington, com a cúpula agrícola americana. Além de um debate técnico, Blairo insistirá que a liberação da importação passa por uma decisão de cunho político por parte da Casa Branca.
No fim de junho, o governo americano aplicou embargo sobre a carne bovina brasileira após controles reforçados apontarem irregularidades causadas por inflamações provocadas pela vacina contra a febre aftosa.
Para o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, não há dúvidas de que a decisão tem componente "político". Por isso, para revertê-la, o Brasil fará uma ofensiva política. Nesta semana, ocorrem três reuniões com os americanos. Duas em Genebra (Suíça) e uma entre as equipes técnicas hoje, nos EUA. "O que vamos demonstrar é que não há risco para a saúde pública e esperamos que possamos retomar o mercado americano".
Segundo Novacki, "a questão política é a boa vontade de ver que o Brasil é um parceiro importante e que tenhamos uma via de mão dupla na relação", afirmou. O secretário admitiu que entende a pressão protecionista que o governo americano pode sofrer do setor privado. "Mas precisamos avaliar o interesse do país", disse. "Existe sim um movimento protecionista. Mas queremos mostrar que somos parceiros importantes."
Para convencer os americanos de que os controles serão aprimorados, ele disse que o governo brasileiro adotou novas regras para a vacinação e determinou que não se exporte mais peças inteiras, mas em pedaços.
Enquanto o governo adota tom político, um evento na Organização Mundial do Comércio (OMC) ontem com os brasileiros Roberto Azevêdo e o diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, indicou que é justamente o investimento dos países em um sistema para garantir a qualidade de produtos agrícolas que pode garantir maior benefício do exportador. Para as duas entidades, o país que cumprir as regras tem mais chances de aproveitar os mercados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo