Doria recebe doações de câmeras e drones de empresas chinesas

A parceria público-privada (PPP) seria para financiar a ampliação da rede de câmeras na cidade. As duas empresas visitadas se colocaram à disposição para ajudar
Estadão Conteúdo
Publicado em 25/07/2017 às 11:07
A parceria público-privada (PPP) seria para financiar a ampliação da rede de câmeras na cidade. As duas empresas visitadas se colocaram à disposição para ajudar Foto: Foto: ABr


O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), em visita oficial à China, anunciou nesta terça-feira, 25, mais uma parceria público-privada (PPP) para a capital paulista e "passou o chapéu" nas empresas de tecnologia da cidade de Hangzhou, no sul, pedindo câmeras de monitoramento. As duas empresas que visitou, Hikvision e Dahua, prometeram doar dois drones e 1 mil câmeras de monitoramento, além de estudar a doação de outras 1 mil.

Doria não escondeu o jeito "pidão" ao comentar a visita aos chineses. "Com um déficit igual ao que temos, não temos alternativa senão pedir", disse o prefeito.

A PPP seria para financiar a ampliação da rede de câmeras na cidade. As duas empresas visitadas se colocaram à disposição para formatar a parceria.

Os drones recebidos estão avaliados em cerca de US$ 100 mil cada. Eles serão enviados à Guarda Civil Metropolitana (GCM) e farão parte do programa City Câmeras, centro das ações do prefeito na cidade chinesa nesta terça-feira.

O programa, lançado em março e que começou a funcionar no último mês, é uma rede que integra câmeras públicas e privadas, de cidadãos e empresas que decidem se integrar ao sistema, para facilitar o fornecimento de informações às polícias para prevenir e esclarecer crimes.

A visita a Hangzhou ocorreu sob um sol de 41ºC - funcionários das empresas que o prefeito visitou disseram ser esta tarde a mais quente dos últimos 146 anos, citando o noticiário local.

Concorrência

As duas empresas são concorrentes, e Doria também não escondeu ter usado isso como estratégia para fazer as doações. O prefeito disse a uma empresa que a outra iria colaborar e vice-versa. "Já havia feito isso para conseguir motos e carros para o programa Marginal Segura", disse o prefeito. "Essa é uma tática que funciona", brincou.

A rivalidade é tanta entre elas que a comitiva que acompanha Doria teve de trocar de veículos, pago por uma das empresas, ao entrar no prédio da rival.

Com quase um terço do mercado mundial de vigilância de ruas, a cidade onde elas estão sediadas é uma das vitrines das possibilidades de monitoramento eletrônico. Hangzhou tem cerca de 2 milhões de câmeras integradas a um sistema parecido com o City Câmeras de Doria, segundo informou o presidente da Dahua, Fu Liquan.

O prefeito quer que as 1 mil câmeras que recebeu - ou 2 mil, se a Hikvision também aceitar o pedido de doação - sejam integradas ao sistema Detecta, da Secretaria Estadual da Segurança Pública. Embora esteja em implementação desde 2012, o sistema paulista ainda não oferece funções de monitoramento analítico prometidas pelo governo.

Com essas funções, o próprio software do sistema conseguiria identificar um crime ocorrendo - como perceber que uma pessoa sacou uma arma - e enviar alerta para uma agente real analisar a imagem.

O prefeito evitou criticar a lentidão do Detecta, de responsabilidade de seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin (PSDB). "Até onde sei, o sistema cumpre suas funções", afirmou.

Agenda na China

Doria saiu de Hangzhou no fim da tarde e viajou de trem-bala para a cidade de Xangai. Nesta quarta-feira, 26, madrugada de terça-feira no Brasil, o prefeito tem novas reuniões com empresas de tecnologia e visita mais um fundo de investimentos.

Na segunda-feira, 24, recebeu do China Development Bank (CDB) - o banco chinês equivalente ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - a promessa de que a instituição financiaria programas propostos pelo prefeito, como a concessão da operação do bilhete único.

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