O juiz federal Sérgio Moro colocou nesta segunda-feira (31) o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine em prisão preventiva. O magistrado acolheu o pedido do Ministério Público Federal e converteu a custódia temporária de Bendine em regime por tempo indeterminado.
A decisão de Moro alcança ainda os irmãos André Gustavo e Antonio Carlos Vieira da Silva, supostos operadores financeiros de Bendine.
"Defiro o requerido pelo Ministério Público Federal, para, presentes os pressupostos da prisão preventiva, boa prova de materialidade e de autoria, e igualmente os fundamentos, risco à ordem pública, à instrução e à aplicação da lei penal, decretar, com base nos arts. 311 e 312 do CPP, a prisão preventiva de Aldemir Bendine, André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior", ordenou Moro.
Bendine foi preso na quinta-feira, 27, na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato. O ex-presidente da Petrobras é suspeito de ter recebido R$ 3 milhões em propina da Odebrecht.
Segundo os procuradores, foram encontrados elementos que reforçam as suspeitas contra Bendine e os dois publicitários ligados a ele.
"Na busca e apreensão efetuada na residência de Aldemir Bendine, em São Paulo/SP, foram encontradas anotações que corroboram o depoimento dos colaboradores e revelam que, de fato, Aldemir Bendine informava-se ativamente sobre o arrolamento da dívida da Odebrecht Agroindustrial que baseou seu pedido inicial de propina a Fernando Reis (executivo da Odebrecht), por meio de André Gustavo", informa o Ministério Público Federal.
Em seu depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira (31) o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine negou que tenha recebido propina de R$ 3 milhões da Odebrecht. Ele afirmou que não recebeu valores ilícitos de qualquer empresa. Bendine disse, ainda, que tinha boa relação com o publicitário André Gustavo Vieira da Silva, mas negou ter "relações profissionais com ele".
Segundo Bendine, enquanto foi presidente do Banco do Brasil "negou inúmeros pleitos da Odebrecht, como o pedido de financiamento da construção do estádio do Corinthians".
Na lista de propinas da empreiteira, Bendine era identificado como "Cobra". O empresário Marcelo Odebrecht, preso desde junho de 2015, disse em delação premiada que pagou R$ 3 milhões a Bendine.
À PF, Bendine afirmou que "contrariou Marcelo Odebrecht, cancelou negócios, e manteve seus contratos suspensos em decorrência das investigações no âmbito da Lava Jato".
Ele relatou "conversa tensa com representantes da Odebrecht em escritório de advocacia que atendia ambas as empresas".
Sobre a viagem que faria a Portugal na sexta-feira, 28, voltou a informar que se tratava de "uma viagem turística, com a família, que tinha passagem de volta". Apresentou os comprovantes de reservas em hotéis.
Bendine disse que "foi surpreendido com sua prisão, uma vez que já tinha manifestado intenção de prestar depoimento e abriu mão de seu sigilo fiscal e bancário".