Uma nova acusação da equipe do procurador-geral da República (PGR) Rodrigo Janot deve surgir após o aprofundamento das investigações contra o presidente Michel Temer, sendo uma por obstrução de Justiça no caso da JBS e outra que aponta a atuação de Temer como chefe de uma organização criminosa, segundo um investigador.
Esta denúncia deve partir de um dos quatro inquéritos do quadrilhão, fruto do detalhamento do inquérito-mae da Lava Jato.
Segundo o procurador, a deliberação no Plenário da Câmara nesta quarta (2) não influencia o rumo das investigações por serem de cunho político e não tomarem os critérios legais como base.
A organização teria Temer como comandante e contaria com a participação dos ex-deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, além de outros peemedebistas da Câmara. Mas, a denúncia não seria imediatamente formulada, pois, segundo a lei um presidente não pode responder por crimes cometidos antes do mandato. Assim, Temer receberia a acusação apenas quando saísse do cargo.
A interpretação dos investigadores aponta para a atuação de Cunha e Temer no primeiro escalão de uma hierarquia de corrupção que se estende no poder nos últimos governos do país.
PSDB e PT entraram e saíram do poder nos últimos anos. Este grupo não. Está aí há muito tempo — disse um investigador
"PSDB e PT entraram e saíram do poder nos últimso anos. Este grupo não. Está aí há muito tempo", declarou um investigador ao Globo.
Senadores do PMDB, parlamentares do PT e políticos do PP também estariam na mira das próximas denúncias da PGR.
Além disso, os nomes de Temer e dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) foram pedidos por Janot para serem incluídos na lista de investigados no inquérito sobre o crime de organização criminosa em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) que envolve deputados e ex-deputados do PMDB.
Para Janot,tudo deve ficar no mesmo inquérito devido à relação entre Temer e os outros políticos neste caso, não sendo portanto uma nova investigação, mas uma readequação de uma já autorizada. A entrada do presidente e dos dois minsitros na lista de investigados dependerá da aprovação de Edson Fachin, relator responsável pelos processos da Lava-Jato no STF.
A investigação de obstrução de justiça, no entanto, estaria mais adiantada, podendo gerar uma denúncia até o começo de setembro. Mas ainda não há clareza se os avanços neste caso estariam relacionados a revelações que poderiam surgir de Eduardo Cunha ou do operador financeiro Lúcio Funaro, que negociam acordo de delação premiada e já indicaram que falariam sobre o presidente.
O pontapé inicial neste caso surge com o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, e que afirmou ter realizado pagamentos a intermediários de Cunha e Funaro em troca do silêncio deles.