Homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, a delação premiada do ex-governador do Mato Grosso, Silval Barbosa, teve o siglo retirado nesta sexta-feira (25), e revela um esquema fraudulento para a compra de vagas no Tribunal de Contas do Estado (TCE). De acordo com o documento, Blairo Maggi, hoje ministro de Michel Temer, mas à época governador daquele estado, negociou, durante viagem para definição das sedes da Copa do Mundo no Brasil, o pagamento de R$ 4 milhões ao então conselheiro Alencar Soares. Inquérito aberto pelo STF apura a relação dos envolvidos, que, para Janot, eram comandados pelo Ministro.
De acordo com a delação, Maggi pediu que Alencar ficasse no tribunal por mais um tempo e não se aposentasse, já que ele
gostaria de indicar pessoa de sua confiança para a respectiva vaga. A condição imposta foi o pagamento de R$ 4 milhões, aceita por Maggi, que encomendou o pagamento via Éder Moraes, então secretário da Fazenda.
Embora tivesse negociado com Maggi, o delator confirma que Alencar já havia vendido a vaga no TCE ao atual conselheiro Sérgio Ricardo, que nessa negociação já havia pago a quantia de R$ 2 milhões. Para manter o negócio feito com Maggi, Alencar ficou com apenas R$ 1,5 milhão, oferecendo R$ 2,5 milhões a Sérgio.
Em 2012, conforme o relato de Silval Barbosa, Sergio Ricardo voltou a negociar a aquisição da vaga no TCE. O valor pago a Alencar, desta vez, foi entre R$ 10 e R$ 12 milhões.
As vagas para o TCE são escolhidas de forma regimental e por lei, por escolha, do Executivo Estadual e da Assembleia Legislativa. A vaga em questão deveria ser de escolha legislativa.
Em outro trecho da delação, Silval revelou pagamento ao ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso, Éder Moraes, para que mudasse o depoimento a fim de inocentar Blairo Maggi, em 2014. Ficou acordado que, para isso, ele receberia R$ 6 milhões. "Blairo Maggi concordou em pagar R$ 3 milhões para que Eder se retratasse das declarações", afirmou. Ele disse ter pago o restante do valor.