O Ministério Público Federal do Distrito Federal pediu, nesta sexta-feira (1º), a absolvição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em inquérito na Justiça Federal que apura a prática de obstrução de justiça. Segundo o ex-senador Delcídio do Amaral, em delação premiada, o petista teria tentado comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Tal informação foi negada por Lula e tida como mentirosa, segundo o MPF. Se o pedido for aceito, em caso de condenação, o ex-senador poderá ter de cumprir integralmente as penas pelos crimes de obstrução à Justiça e patrocínio infiel. Também ficará sujeito a responder por falsa imputação de crime.
Para o procurador Ivan Marx, Delcídio "estava preocupado apenas com ele mesmo, muito embora tenha contatado Bumlai e André Esteves para conseguir o apoio financeiro". Conforme o MPF, Cerveró estava protegendo Delcídio até o momento em que passou informações sobre o esquema de corrupção em Pasadena. Para os investigadores, ficou acertado o pagamento de R$ 250 mil para que Cerveró não firmasse acordo de colaboração premiada com o MPF ou que, em o fazendo, protegesse Delcídio do Amaral.
Em depoimento, Lula havia negado que tivesse interesse de impedir que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró firmasse acordo de delação premiada. "Só tem um brasileiro que poderia ter medo do depoimento do Cerveró, que é o Delcídio. Ele já tinha convivência com Cerveró antes do meu governo. Todo mundo sabia da relação histórica dos dois", contou o ex-presidente.
No mesmo documento, o MPF também pede a absolvição do banqueiro André Esteves, por concluir que não há provas de que ele e Lula participaram do esquema criminoso. Na avaliação do órgão, além de Delcídio, devem ser condenados o advogado Edson de Siqueira Ribeiro Filho e os demais denunciados: Maurício Barros Bumlai, José Costa Barros Bumlai e Diogo Ferreira Rodriguez. No caso de Diogo, benefícios decorrentes da colaboração devem ser mantidos.
A intenção do ex-senador era impedir a revelação de que ele recebeu R$ 4 milhões da construtora UTC, como propina e que o dinheiro foi usado em caixa dois em sua campanha ao governo do estado do Mato Grosso. Para tanto, e por orientação de Edson, nos primeiros anexos entregues ao MPF Nestor Cerveró informara falsamente que os valores foram destinados à campanha presidencial de Lula naquele ano de 2006.
Em sua versão, Delcído afirmou que todo o dinheiro foi dado por José Carlos Bumlai, por intermédio do filho, Maurício Bumlai, e que ele apenas encaminhou a entrega das cinco parcelas de R$ 50 mil ao ex-diretor da Petrobras a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o procurador Ivan Marx, Delcídio mentiu ao depor em acordo de delação premiada. O pedido de absolvição de Lula e André Esteves, bem como o de condenação dos demais investigados, foi enviado à 10ª vara da Justiça Federal do Distrito Federal (JFDF), que decidirá pela absolvição.