O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve rever os benefícios concedidos aos delatores da JBS até o fim do mandato, no dia 17 deste mês. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, a Procuradoria-Geral da República entende que houve descumprimento de duas cláusulas do acordo de delação premiada por omissão e má-fé.
Nas novas gravações, divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal, nesta quarta-feira (6), o empresário Joesley Batista e o ex-diretor da JBS, Ricardo Saud, chegam a afirmar que não serão presos e se auto-intitulam como 'joias da coroa'.
O procurador abriu inquérito para investigar o teor das novas gravações e a possível omissão de provas por parte dos colaboradores ao Ministério Público.
No entendimento do órgão, segundo a Folha de São Paulo, mexer nos benefícios não invalida as provas apresentadas. Isso significa que investigações iniciadas a partir da delação, como a denúncia que deverá ser apresentada contra o presidente Michel Temer, vão continuar.
Mesmo após a revelação de crimes de corrupção, os delatores não chegaram ser condenados e fecharam uma negociação para o pagamento de dívida milionária ao longo de dez anos. A situação gerou uma série de críticas à condução do acordo firmado por Janot. Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) já sinalizaram hoje que os benefícios do acordo devem ser alterados, mas sem prejuízo às investigações. Após a saída de Janot, Raquel Dodge conduzirá a PGR.
Nas novas gravações, Joesley e Saud citam o interesse no ex-procurador Marcelo Miller como fio condutor até Janot e o Ministéio Público. Miller é investigado por ter tentado atrapalhar o fechamento do acordo de delação premiada.