A defesa do ex-presidente Lula protocolou, na noite dessa terça-feira (19), pedidos para diligências na fase final do processo que apura o pagamento de R$ 13 milhões de propina da Odebrecht para a compra de um apartamento ao petista e um terreno para a construção da sede do Instituto Lula, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Solicitando acesso a documentos e perícias, os advogados também pediram a Sérgio Moro que adie o prazo para alegações finais do Ministério Público e das defesas, últimos passos necessários para o juiz proferir a sentença de condenação ou não do petista.
Alegando insuficiência da prova oral para determinação da autoria e circunstâncias das fórmulas encontradas no arquivo "Posição Italiano", supostamente ligada ao ex-ministro Antonio Palocci, do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, os advogados solicitaram a realização de prova pericial contábil-financeira para que se possa verificar qual a origem efetiva dos valores dispendidos nas operações imobiliárias citadas na denúncia para apurar "se valores provenientes de 8 contratos firmados entre a Construtora Norberto Odebrecht S.A. e a Petrobras (que representam a base da acusação) foram empregados na aquisição do imóvel pela DAG Construtora".
A defesa do ex-presidente também pede que seja oficiado o Supremo Tribunal Federal para disponibilização de cópias da íntegra dos acordos de colaboração premiada de Ângela Palmeira, Marcelo Rodrigues, Olívio Rodrigues Júnior e Fernando Migliaccio, delatores da Odebrecht.
O pedido de suspensão do prazo para as alegações finais tanto do MP como dos advogados, conforme pedido da defesa, não deverá substituir o "prazo extra" que eventualmente é aberto pelo juiz para novas diligências ou convocação de novas testemunhas antes dele proferir a sentença.
Com a ouvida do advogado de Lula, Roberto Teixeira, responsável pela documentação imobiliária do imóvel alvo de acusação, Sérgio Moro finalizou a oitiva dos réus nessa terça-feira (19). Dentre os depoimentos, o mais forte foi o do homem de confiança do governo Lula, o ex-ministro Antonio Palocci, que atribuiu a Lula a responsabilidade sobre pagamentos no montante de R$ 300 milhões.
Já condenado por Moro a 9 ano e seis meses de prisão no caso tríplex, Lula agora responde por acusações referentes a benefícios concedidos a Odebrecht, por meio da Petrobras, e pagamentos, em contrapartida, feitos pela empreiteira para a aquisição de um apartamento em São Bernardo do Campo e de um terreno para a construção da sede do Instituto Lula. Ontem, o ex-presidente também virou réu por corrupção passiva no âmbito da Operação Zelotes.