CCJ conclui primeiro dia de debates sobre denúncia contra Temer

Em uma estratégia para acelerar a conclusão da análise, diversos parlamentares da base se ausentaram da comissão ou fizeram pronunciamentos curtos
ABr
Publicado em 17/10/2017 às 22:47
Em uma estratégia para acelerar a conclusão da análise, diversos parlamentares da base se ausentaram da comissão ou fizeram pronunciamentos curtos Foto: Foto: Beto Barata/PR


O presidente da Comissão de Constituição e de Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), concluiu há pouco a primeira sessão para discutir o parecer do relator Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer e os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco. Os debates serão retomados nesta quarta-feira (18), às 10h.

Em uma estratégia para acelerar a conclusão da análise da denúncia, diversos parlamentares da base de apoio ao governo abriram mão do tempo de discussão a que têm direito se ausentando da comissão ou fazendo pronunciamentos curtos, aquém do tempo disponível. Dessa forma, a oposição dominou os debates durante a sessão que se estendeu por mais de 10 horas. Até o momento, 47 deputados já se manifestaram a respeito da aceitação ou afastamento da denúncia, sendo que sete deles usaram o tempo pela liderança de partidos. 

Ainda há uma lista de nove nomes, mas outros parlamentares poderão se inscrever para a segunda sessão de discussão do parecer. Após a conclusão dos debates, o relator da denúncia ainda terá mais 20 minutos para se manifestar sobre o parecer. Os advogados dos três denunciados também terão o mesmo tempo para se pronunciar. A expectativa do presidente da comissão é colocar o parecer de Andrada em votação na tarde desta mesma quarta-feira. Dessa forma, o relatório já poderá ser analisado pelo plenário da Câmara na próxima semana.

Primeiro a discursar, o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) defendeu a admissão da denúncia pela Câmara. “A primeira solicitação para instauração de processo foi rejeitada por essa Casa. Decisão essa que provocou indignação, e eu diria mesmo revolta, na população brasileira, que hoje apoia, ainda mais do que na votação anterior, a aprovação da instauração de processo contra Michel Temer e seus comparsas nos crimes que vêm praticando contra o país há muitos anos. Essa será, portanto, a oportunidade para essa Casa se reencontrar com o povo brasileiro”, ressaltou Molon.

O vice-líder do governo, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), desqualificou a argumentação da oposição, ao criticar os delatores que servem de suporte para a denúncia elaborada pela PGR. “Eles [a oposição] esquecem de analisar o perfil comportamental, emocional e comercial dos delatores da moda hoje: os dois irmãos Wesley [e Joesley Batista], que foram beneficiados espetacularmente pelo [ex-procurador-geral da República, Rodrigo] Janot e, tempos depois, o Janot também espetacularmente retira todo o perdão dos irmão Wesley, o [empresário] Ricardo Saud e, por último, o [doleiro Lúcio] Funaro, que equivalem a traficantes que corrompem a juventude, que exploram os comerciantes, que assustam o Rio de Janeiro”, argumentou Perondi.

Denúncia contra Temer

Temer é acusado de tentativa de obstrução de justiça e liderança de uma organização criminosa que teria a atuação de parlamentares do PMDB e dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). A acusação só poderá ser investigada pelo Supremo Tribunal Federal se autorizada pela Câmara dos Deputados. O relator da denúncia recomendou a inadmissibilidade da peça apresentada pela Procuradoria-Geral da República.

Votação do parecer

A votação do parecer de Andrada será nominal. Para que o parecer seja aprovado, são necessários os votos de, no mínimo, 34 deputados, ou seja, metade mais um dos membros da CCJ. A análise no plenário da Câmara também será nominal e, para que seja autorizada a instauração do processo de investigação, são necessários os votos de pelo menos 342 deputados, ou seja, dois terços da Casa.

TAGS
ccj Temer Câmara dos deputados
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory