Temer admite que irá rever pontos da portaria do trabalho escravo

Temer disse que cogitar criar delegacia na Polícia Federal para combater crimes do trabalho escravo
Estadão Conteúdo
Publicado em 20/10/2017 às 11:59
Temer disse que cogitar criar delegacia na Polícia Federal para combater crimes do trabalho escravo Foto: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


O presidente da República, Michel Temer, admitiu que deve fazer ajustes na portaria que modifica as regras de combate ao trabalho escravo e acatar sugestões feitas pela Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge. Em entrevista ao site Poder 360, Temer citou como uma das possíveis alterações estabelecer uma delegacia na Polícia Federal de combate a crimes do trabalho escravo.

Conforme antecipou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), Temer recebeu na quinta-feira, 19, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, e concordou com algumas alterações na portaria. Mas, segundo interlocutores do presidente, avisou que as alterações só serão feitas após a votação, na Câmara dos Deputados, da segunda denúncia contra ele por obstrução de Justiça e formação de quadrilha.

Na conversa com Temer, Nogueira fez uma defesa da portaria, apresentou seus argumentos e relatou a conversa que teve durante a semana com Raquel Dodge.

A substituta de Rodrigo Janot no comando da PGR, que foi indicada por Temer, fez duras críticas à medida. Ela classificou a portaria como um "retrocesso à garantia constitucional de proteção à dignidade da pessoa humana" e pediu oficialmente dez dias para que o governo se pronuncie e revogue a medida.

Alterações

Na entrevista ao site, Temer disse ainda que Nogueira apresentou a ele alguns autos de infração de trabalho escravo que o impressionaram. "Um deles, por exemplo, diz que, se você não tiver a saboneteira no lugar certo, significa trabalho escravo "

De acordo com auxiliares de Temer, o presidente designou que o ministro faça uma avaliação concreta de quais pontos podem ser alterados para que uma decisão seja tomada. A principal preocupação do presidente é acertar eventuais alterações com a bancada ruralista - que tem 230 deputados e 24 senadores.

O governo precisa desses votos não só para derrubar a denúncia, mas também para retomar sua agenda no Congresso.

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