Após a gravação da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffman (PR), à rede de TV Al-Jazeera, a Procuradoria-Geral da República (PGR) instaurou um procedimento preliminar para analisar a possibilidade de abrir inquérito. Na gravação, a senadora denuncia que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria um 'preso político' no Brasil, que "o objetivo da prisão é não permitir que Lula seja candidato na eleição deste ano" e convida "a todos e a todas" a se juntarem à campanha pela libertação do ex-presidente.
Gleisi ainda ressaltou também que Lula é "um grande amigo do mundo árabe" e que em seu governo o comércio com a região "se multiplicou por cinco". "Ao longo da história, o Brasil recebeu milhões de árabes e palestinos, mas Lula foi o único presidente que visitou o Oriente Médio", destacou a parlamentar.
No plenário do Senado, o senador José Medeiros (PSD-MT) lamentou a gravação da presidente do PT, à rede de TV catari Al-Jazeera. Ele disse que interpretou a fala da parlamentar em defesa do ex-presidente Lula como "um recado muito estranho" e que "espera que o PT não queira transformar um país pacífico em zona de guerra".
"O Brasil é um país amigo do mundo árabe. Nós temos respeito por todas as religiões; agora, nós também somos um país que não tem contato com nenhum radicalismo, com nenhum fundamentalismo. E foi muito estranho o vídeo que a Senadora fez. Pareceu-me muito um recado subliminar. A quem era dirigido aquilo?", questionou.
Ele foi interrompido por Lindbergh Farias (PT-RJ), que disse que a fala representava uma "ignorância". "Perdoe a ignorância", repetia Lindbergh. "O senhor não é Presidente do Senado Federal, Senador Lindbergh. O senhor não pode tomar minha fala", reagiu Medeiros. O presidente em exercício da Casa, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), interveio para que o senador mato-grossense prosseguisse.
"Se (Gleisi) quisesse se comunicar com o mundo árabe, nós temos todas as embaixadas aqui, e a Senadora poderia falar inclusive com os embaixadores. O recado foi estranho, e eu aconselho que os brasileiros possam ver o vídeo, o perigo que é. Então eu quero dizer: se algum fundamentalista, se algum fundamentalista, insuflado por aquele vídeo, cometer algum ato terrorista, está no CNPJ e no CPF dessa Senadora", continuou Medeiros.
O senador Magno Malta comentou que sabe que os senadores do PT "conhecem a Constituição e sabem onde é que está o nosso limite", mas disse que pessoalmente "tem medo" que o vídeo seja interpretado de maneira equivocada.
"A Senadora Gleici não é louca de ter dado aquela entrevista à Al Jazeera, incitando o ISIS, incitando qualquer tipo de grupo terrorista, para que venha ao Brasil, fazer um terrorismo maior do que aquele que o MST está fazendo nas fazendas do Brasil, achando que, com isso, vai intimidar o Poder Público, vai intimidar o Supremo Tribunal Federal, vai intimidar o Ministério Público Federal... Não vai!", disse.