O presidente Michel Temer (MDB) já tem planos para quando deixar o Palácio do Planalto. Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta quarta-feira (29), o emedebista afirmou que vai "relativamente" se aposentar e voltar a escrever livros. "Eu tive uma vida pública e universitária, graças a Deus, muito próspera. Tive muitos problemas, é claro, foram muitos problemas nessa presidência, mas eu já cumpri meu papel em vários cargos que ocupei não só aqui na União Federal, mas no Estado de São Paulo. Então acho que está na hora de uma relativa aposentadoria, pretendo sair e dar meus pareceres, sou da área jurídica, e quero escrever alguns livros, quero continuar como escritor de livros técnicos e romances", destacou.
Todavia, Temer disse que não vai deixar de acompanhar a vida pública nacional. "Quando se é ex-presidente, você é muito procurado, então se for procurado e puder contribuir para o País, continuarei dando minha contribuição", afirmou. Além de romances, Michel temer ainda promete escrever um livro sobre a turbulência enfrentada em seu governo. "Confesso que como houveram muitos equívocos e muitas falsidades, fui vítima de alguns detratores que foram para a cadeia, outros condenados por ataques à minha honra. Então quero contar a verdade sobre tudo isso, e a verdade está aparecendo pouco a pouco, quero passar a limpo para que a história recente possa registrar a verdade dos fatos", comentou.
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O presidente também foi questionado sobre como vai lidar com investigações já que não estará mais protegido pelo cargo de mandatário do País. "Encaro as investigações com tranquilidade, passei pelas denúncias no Congresso e elas foram quase dois impeachments. Mas que foram vencidas pelo prestígio que eu tenho no Congresso Nacional e o relacionamento profícuo que tenho com os parlamentares acabaram repudiando essas denúncias pífias", pontuou.
A Câmara dos Deputados impediu o Supremo Tribunal Federal (STF) de processar o presidente duas vezes com base em pedidos do antecessor de Raquel Dodge, o subprocurador Rodrigo Janot. Nas duas ocasiões, Temer era suspeito de ter favorecido o empresário Joesley Batista, que delatou esquema de propina envolvendo o governo. Apesar da vitória, o cenário político no Congresso ficou nebuloso e Temer não conseguiu construir maioria para tocar a agenda de reformas do governo, como a da Previdência.
Durante a votação da segunda denúncia contra Temer, O jornal Estado de S. Paulo revelou que a negociação política para barrar as duas denúncias criminais contra o presidente teve um custo em torno de R$ 32,1 bilhões. Essa é a soma de diversas concessões e medidas do governo negociadas com parlamentares entre junho e outubro de 2017, desde que Temer foi denunciado pela primeira vez, por corrupção passiva.
Além disso, o presidente atendeu demandas específicas de bancadas da Câmara. A ruralista, por exemplo, foi beneficiada com uma portaria que praticamente inviabiliza o combate ao trabalho escravo. Para que uma denúncia contra o presidente da República seja encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF), é necessário o apoio de 342 dos 513 deputados.