Vários patrocinadores de um jantar de gala em Nova York, onde o presidente Jair Bolsonaro receberá o prêmio de "Personalidade do Ano" em 14 de maio, se retiraram do evento, enquanto aumentou a pressão de ativistas para que seja cancelado.
A companhia aérea norte-americana Delta, o jornal britânico Financial Times e a consultoria Bain & Company confirmaram nesta sexta-feira (3) à AFP que retiraram seu patrocínio ao jantar de gala anual da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, que este ano presta homenagem a Bolsonaro.
Manifestantes brasileiros e americanos de 12 grupos diferentes, incluindo vários ambientalistas e ativistas LGBT, protestaram contra Bolsonaro todas as noites em frente ao hotel Marriott Marquis na Times Square, no coração de Manhattan, onde será realizado o jantar.
O evento deveria acontecer inicialmente no Museu de História Natural de Nova York, mas este o cancelou após receber um tsunami de críticas.
Os ativistas lançaram uma nova petição, #CancelBolsonaro, para que o Marriott Marquis também boicote o evento. Promovida pelo senador estatal de Nova York Brad Hoylman, que é homossexual, já recolheu mais de 53.000 assinaturas.
"Ao acolher este evento, Marriott está dando a Bolsonaro uma plataforma que recompensa seu abominável comportamento", afirma a petição.
"Continuaremos protestando em frente ao hotel todo o dia para que cancelem", disse à AFP Natalia de Campos, do Comitê para a Defesa da Democracia Brasileira em Nova York, uma das organizadoras das manifestações diárias.
Consultado sobre a polêmica, um porta-voz do Marriott, Jeff Flaherty, informou que a rede de hotéis foi criada com base nos ideais de respeito, diversidade e inclusão.
"Dar as boas-vindas a todos e ser inclusivo significa incluir grupos que podem, ou não, compartilhar os valores de nossa companhia. No entanto, permitir a um grupo que use nossas instalações de nenhuma maneira significa que apoiamos suas posições", frisou.
Em uma recente postagem em inglês e português, o presidente da rede Marriott, Arne Sorenson, estimou que a empresa não pode discriminar ninguém por suas crenças, se a legalidade e a segurança não forem ameaçadas.
A Câmara não respondeu aos pedidos da AFP para comentar a informação, mas informou que não terá cobertura da imprensa do evento.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, qualificou recentemente Bolsonaro como "um homem perigoso" por suas posições racistas, homofóbicas e contra a proteção da Amazônia.
Anualmente, a Câmara de Comércio Brasil-EUA escolhe duas personalidades, uma brasileira e outra americana, e as premia em um jantar de gala para mais de mil pessoas, com a presença de líderes do mundo das finanças, dos negócios e da diplomacia de ambos os países. As entradas custam 30.000 dólares cada uma e já estão esgotadas.
Bolsonaro viajará a Nova York de 12 a 15 de maio, segundo a Chancelaria brasileira.