A revista Veja publicou, na manhã desta sexta-feira (30), o paradeiro de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que estava sumido dos holofotes desde janeiro deste ano. Segundo o veículo, ele está morando no bairro do Morumbi, bairro nobre da Zona Oeste paulistana, e teve seus problemas de saúde agravados.
O nome de Queiroz vem preenchendo a mídia nacional desde o fim de 2018, quando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou uma movimentação suspeita em sua conta. A tese do Ministério Público é que ela seja fruto de um sistema de repasse de dinheiro do senador Flávio Bolsonaro, quando era deputado estadual do Rio de Janeiro.
A explicação dele foi de que lucrou com a venda carros usados e, depois, disse que recolhia parte do salário dos funcionários para contratar novas pessoas para a equipe do chefe, sem o conhecimento de Flávio.
Além disso, ainda houve uma transação de cheques da conta de Queiroz para a então futura primeira dama, Michelle Bolsonaro, no valor de 24 mil reais. Ele alegou que os depósitos tinham como fim a quitação de um empréstimo pessoal concedido por Jair Bolsonaro a ele.
No dia 26 de dezembro, Fabrício Queiroz concedeu uma entrevista ao SBT a pedido de Bolsonaro, para explicar a origem do dinheiro. Após o episódio, o atual presidente chamou o antigo amigo de ‘roleiro’, publicamente.
Pressionado, o ex-assessor decidiu 'sumir do mapa', o que tornou o bordão “Cadê o Queiroz?” popular nas redes sociais e entre políticos da oposição. Ao ser perguntado, Flávio Bolsonaro respondeu: “Cabe a ele explicar. Eu também quero saber onde está o Queiroz”.
O sumiço do ex-policial fez com que a opinião pública acreditasse que ele estava fugindo da Justiça. Porém, não há ordem de prisão contra ele nem mesmo uma determinação para que deponha. Os promotores também não pediram a prisão temporária ou preventiva dos investigados.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, suspendeu, em julho deste ano, todas as investigações criminais que utilizam dados detalhados de órgãos como a Receita Federal, o Banco Central e o Coaf sem autorização judicial.
Assim, uma nova suspeita surgiu: a de que havia um acordo envolvendo o Supremo para blindar a primeira-família da República, enquanto no Rio, o conluio seria para fulminá-la. Toffoli negou a acusação e prometeu levar sua decisão ao plenário do STF até novembro.
O diagnóstico de câncer foi a única certeza no caso, até agora. Fabrício Queiroz sofre de uma neoplasia com transição retossigmoide, o mais comum entre os tumores de intestino, doença com alto risco de metástase caso atinja os gânglios linfáticos.
Queiroz esteve internado entre 30 de dezembro de 2018 e 8 de janeiro de 2019 no Hospital Israelita Albert Einstein, onde passou por uma cirurgia. Quando recebeu alta do hospital, o jornal O Globo divulgou a informação de que o tratamento de 133.580 reais havia sido pago em espécie.
Os dados foram confirmados pelo advogado dele, Paulo Klein, que afirmou não haver ilegalidade no pagamento e que gastos eram compatíveis com a renda da família de Queiroz, estimada por ele em aproximadamente meio milhão de reais por ano.
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro tem acesso ao que há de melhor na medicina para esse tipo de tratamento no Brasil. Na última segunda-feira, 26, visitou o Centro de Oncologia e Hematologia do Einstein, hospital com tecnologia de ponta.
Segundo uma pessoa próxima, Queiroz tem sofrido com novos sangramentos. Na melhor hipótese, podem ser causados por alguma lesão no local, causada por tratamentos anteriores. Outra possibilidade, mais preocupante, é a de que seja um sinal da volta do câncer. Procurado por VEJA, Queiroz não quis se pronunciar.