Indicação de Augusto Aras para PGR irrita bolsonaristas nas redes sociais

Movimentos como o 'Vem pra Rua' expressaram opiniões sobre a indicação
Estadão Conteúdo
Publicado em 05/09/2019 às 19:04
Movimentos como o 'Vem pra Rua' expressaram opiniões sobre a indicação Foto: Foto: Roberto Jayme/ Ascom /TSE


O assunto mais discutido no Twitter brasileiro na tarde desta quinta-feira (05) é a nomeação do subprocurador Augusto Aras ao cargo de procurador-geral da República. A decisão foi confirmada pelo Palácio do Planalto e publicada em edição extra do Diário Oficial da União. A indicação causou polêmica e desagradou apoiadores do presidente que veem em Aras proximidade com a esquerda, leniência com a corrupção e distância da Lava Jato.

Repercussão das redes sociais

Leandro Ruschel, um dos principais influenciadores bolsonaristas, com mais de 300 mil seguidores no Twitter, escreveu que a indicação ''pode ser um ato de suicídio político de Bolsonaro.'' Ele ainda comentou: ''nunca vi tanta gente afirmando que estava encerrando o seu apoio ao presidente''. Na enquete que Ruschel realizou com seus seguidores, dos 6.973 votos, 89% foram contra a indicação.

O Movimento Vem Pra Rua, que já convocou manifestações de apoio ao presidente, também demonstrou insatisfação com a escolha. A página do movimento compartilhou uma imagem onde se lê, em letras maiúsculas: ''Decepção! Com diversos nomes melhores, Bolsonaro resolveu escolher Augusto Aras para a PGR. Lamentamos a escolha do presidente''. O Vem Para Rua também realizou enquete com seus seguidores para saber se concordavam com a indicação. Até às 17h30, o ''não'' contabilizava 80% dos votos.

O procurador da República no Rio Grande do Norte, Fernando Rocha, tratou com displicência o cargo de subprocurador ocupado por Aras e o tratou por "advogado". Segundo Rocha, "para quem um dia acreditou que esse governo tinha algum compromisso com o combate à corrupção, com a independência do MP, com a Lava Jato, o momento é de reconhecer o grande equívoco". Já o procurador da República em Minas Gerais, Wesley Miranda Alves, disse que se Aras tivesse ocupado o cargo de PGR em 2014, e se os arts. 27 e 31 da lei de abuso tivessem sido "sancionados pelo Presidente da República" naquela época, "não teríamos #LavaJato."

Alguns parlamentares também comentaram a indicação. O deputado federal petista Paulo Teixeira afirmou que a indicação humilha o Ministério Público Federal, uma vez que Aras não estava na lista tríplice elaborada pelo órgão. "Uma lição nos procuradores da Lava Jato, que fizeram campanha para Bolsonaro e receberam de volta tal humilhação", disse.

Aliado de primeira hora do bolsonarismo, o deputado estadual Arthur do Val (DEM-SP) também engrossou o caldo das críticas contra o presidente da República. "Augusto Aras falava presidenta, disse que Che Guevara ousou sonhar e deu festa para a cúpula do PT. Esse é o cara que Bolsonaro escolheu para a PGR", afirmou.

Já a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), habitual defensora do presidente Bolsonaro, tuítou que confia no "grande trabalho" de Augusto Aras, "preservando as conquistas do governo na economia, combatendo a ideologização do MPF e casando o desenvolvimento do país com a preservação ambiental". E conclamou seus seguidores a fazerem o mesmo. "Confio na indicação e confio que Augusto Aras vai fazer a coisa certa. Confiem vocês também, tá? A gente está aqui para apoiar o nosso presidente e a escolha foi uma boa escolha. Ao longo do tempo, se precisar, a gente critica, mas vamos parabenizá-lo."

Confusão na confirmação

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, disse nesta quinta-feira (5) que a escolha do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para o cargo de procurador-geral da República é falsa. "A notícia é mentirosa e plantada", escreveu no Twitter.

Heleno disse ainda que "em nenhum momento" foi anunciado a escolha do subprocurador Augusto Aras para a PGR.

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