O porteiro que disse à Polícia Civil do Rio de Janeiro ter liberado a entrada de um dos suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco, horas antes do crime, no condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro (PSL) possui uma casa, após o suspeito alegar que ia para a casa do político, não é o mesmo profissional que aparece na gravação que foi analisada por peritos do Ministério Público (MP), responsável pela investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco. As informações são do jornal O Globo.
Esse áudio, que foi entregue às autoridades pelo síndico do condomínio, é o mesmo que foi divulgado pelo filho presidente e vereador Carlos Bolsonaro (PSC), na última quarta-feira. Nele, um porteiro anuncia a Ronnie Lessa a chegada de Élcio ao condomínio — Lessa e Queiroz estão presos desde março de 2019 sob acusação de terem assassinado Marielle e seu motorista, Anderson Gomes.
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De acordo com o jornal O Globo, a Polícia Civil já ouviu todos os porteiros que trabalharam na guarita do condomínio no dia do crime e o MP aguarda os resultados de mais perícias feitas no material apreendido pela Delegacia de Homicídios da Capital.
O caso
Na terça-feira (29), o Jornal Nacional, da TV Globo, exibiu uma reportagem em que revelava que um dos porteiros afirmou em depoimento à polícia que Élcio de Queiroz entrou no condomínio dizendo que iria para a casa 58, de Jair Bolsonaro, que teria autorizado sua entrada. No entanto, o então deputado federal estava em Brasília naquela data.
A citação provocou forte reação de Bolsonaro que, durante viagem ao Oriente Médio, usou as redes sociais para rebater a acusação e anunciar que acionaria o ministro da Justiça, Sergio Moro, para que a Polícia Federal realizasse uma nova oitiva com o porteiro.
Horas depois, Moro pediu à Procuradoria-Geral da República que investigasse a "tentativa de envolvimento indevido" do nome de Bolsonaro na investigação. O pedido foi prontamente aceito por Aras.
No dia seguinte à reportagem, o Ministério Público do Rio, numa entrevista coletiva, afirmou que o porteiro mentiu no depoimento. Mais cedo, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, que mostrou ter acesso aos arquivos indicando que não havia registros da ligação mencionada pelo porteiro à polícia.
Após a coletiva, foi revelado que uma das integrantes do MP que participaram da entrevista coletiva, Carmen Bastos de Carvalho, fez campanha para Bolsonaro, e, na sexta-feira (1), diante da repercussão negativa, ela deixou as investigações da morte de Marielle e do motorista.