A decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu por tempo indeterminado a implantação dos chamados dos juízes de garantias, gerou repercussão entre os parlamentares. A medida estava prevista no Pacote Anticrime aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os outros pontos da lei já estão em vigor.
O juiz de garantias atua na fase de instrução do processo. Ele pode autorizar buscas e quebras de sigilo, enquanto o julgamento fica a cargo de outro magistrado. O tema é alvo de quatro ações no STF, todas relatadas por Luiz Fux. Ao conceder a liminar, o ministro argumentou que o projeto para a criação do juiz de garantias deveria ter partido do Poder Judiciário, e não por sugestão de parlamentares. Além disso, segundo Fux, a lei foi sancionada sem previsão de impacto orçamentário.
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O senador Major Olimpio (PSL-SP) elogiou a liminar. Nas redes sociais, ele anunciou que vai sugerir a retirada de "pontos indevidamente acrescentados" no Pacote Anticrime, que podem "prejudicar o combate à corrupção e atrapalhar operações como a Lava Jato". “Parabéns ao ministro Fux do STF por suspender por tempo indeterminado a porcaria criada pelo Legislativo, com sanção do Executivo, chamada juiz de garantias! Inexequível, foi criada apenas para quebrar o galho de criminosos”, escreveu.
A suspensão do juiz de garantias ainda precisa ser analisada pelo plenário do Supremo, que pode reverter a decisão. No dia 15 de janeiro, o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, havia suspendido a instalação do juiz de garantias, mas por apenas 180 dias. A decisão de Toffoli foi revogada por Fux.
Para o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), a decisão de Luiz Fux "é o começo da derrubada do juiz de garantias". "O ministro Luiz Fux acaba de suspender por tempo indeterminado a implementação do juiz das garantias até que o plenário do STF julgue as ações que questionam o instituto na Corte", disse.
Segundo o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), a decisão "restabelece a estabilidade do sistema de justiça criminal”. “As mudanças inseridas na lei geravam dúvidas na aplicação e risco de lentidão e impunidade, juntamente o oposto daquilo que o Brasil precisa”, afirmou.
A justiça só existe se a sociedade entende como funciona o sistema judiciário e aprova os julgamentos. Criar um “Juiz de garantia” afasta a sociedade de atingir ambos. Não foi por isso que engavetaram a péssima idéia mas o importante é que engavetaram.
— Luiz P. O. Bragança (@lpbragancabr) 23 de janeiro de 2020
Deixando bem claro!
— Bibo Nunes (@bibonunes1) 23 de janeiro de 2020
Votei contra o juiz de garantia e sigo contra.
Também continuo contra a maneira como age o STF e alguns Ministros jamais deveriam estar lá.
Tem baba ovo do STF dizendo que sou a favor do juiz de Garantia.
A esquerda raivosa tentar me atingir não pega!
Fora!!!
Dia a comemorar. Entrou em vigor a Lei 13.964/2019, resultado da conversão do projeto anticrime do Gov do PR @jairbolsonaro e do projeto do Min. Alexandre de Moraes. Nem tudo foi aprovado pelo Congresso, mas há avanços importantes: ...
— Sergio Moro (@SF_Moro) January 23, 2020
Críticas
A crítica mais contundente à liminar de Luiz Fux partiu do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia. Em entrevista a órgãos de imprensa, ele classificou a decisão como “desnecessária e desrespeitosa” com os Poderes Legislativo e Executivo. "Eu confio no STF, confio nos seus ministros e confio principalmente na presidência do ministro Dias Toffoli, que na sua volta eu tenho certeza de que vai restabelecer a normalidade na relação de equilíbrio entre os Poderes", disse.
O Pacote Anticrime foi aprovado pelo Senado no dia 11 de dezembro, na forma do Projeto de Lei (PL) 6.341/2019. Na ocasião, o senador pernambucano Humberto Costa (PT) defendeu a implantação do juiz de garantias, medida incluída no texto por sugestão dos deputados.
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"Um dos mais importantes avanços que esta proposta teve não veio do Ministro da Justiça, mas veio da Câmara: é a existência de um juiz de garantias. Tivesse o Brasil já há algum tempo a existência dessa figura, o festival de injustiças e de perseguições e a dobradinha de juiz com o Ministério Público, como aconteceu na Lava Jato pela atuação de Sergio Moro e de vários procuradores naquela operação, possivelmente não teriam acontecido no Brasil. Teríamos um juiz com o papel de revisar todo aquele trabalho que foi feito anteriormente e de julgar sem a interferência de ter sido responsável pelo processo de instrução — afirmou, durante a sessão do Plenário.