Isolamento

Igor Maciel: Ideia fixa do PT e de Lula vai afastando antigos aliados

Ex-presidente Lula insiste em manter-se como o líder supremo de uma esquerda que, no mínimo, precisa de renovação para tentar sobreviver. Aliados se afastam

Igor Maciel
Cadastrado por
Igor Maciel
Publicado em 12/02/2020 às 14:30
Foto: EBC
Lula aguarda que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue o pedido de suspeição do ex-juiz Sergio Moro, responsável por sua condenação, para tentar candidatura em 2022 - FOTO: Foto: EBC
Leitura:

Quando a eleição de 2018 já se aproximava, Gleisi Hoffmann buscava apoio de partidos da esquerda para o PT, do qual é presidente. Em certa data, chegou ao Recife para participar de uma reunião com o PSB local. Lula (PT) já estava preso e todos sabiam que ele não poderia ser candidato.

Na ocasião, Fernando Haddad (PT) já era o escolhido para disputar a Presidência da República pelo partido. Lula era carta fora do baralho. Imaginou-se que seria uma conversa franca para que o apoio a Haddad fosse costurado, resolvendo também a situação de Marília Arraes (PT) e Humberto Costa (PT) no plano estadual.

Gleisi entrou no Palácio do Campo das Princesas, acomodou-se em uma das cadeiras e disparou: "o candidato é Lula". Houve um certo silêncio antes de a conversa continuar. No geral, o que se tentava entender era até que ponto Gleisi e outros petistas realmente acreditavam que Lula poderia disputar e qual o nível de ignorância jurídica ou maluquice naquilo. Como se sabe, ele não foi candidato e Haddad, obrigado a ir despachar com o chefe toda semana numa cela, impedido de fazer campanha como queria e tendo que defender o ex-presidente ao invés de pedir votos acabou derrotado.

Até o PCdoB

Um dos poucos partidos com alguma tradição e seriedade que mergulharam de cabeça na maluquice petista da época foi o PCdoB, que perdeu muito com isso. Lula foi solto, mas segue em negação da realidade, acreditando ser o dono da esquerda. Pra completar, ao sair da prisão percebeu-se que a narrativa de líder popular não se encaixava mais. Os discursos não empolgam e o poder de arrastar multidões enfraqueceu.

Luciano Siqueira louva ‘fenômenos novos’ como Flávio Dino e pede que Lula ‘caia na real’

Chegou-se ao ponto que nem o PCdoB embarca mais. O partido trabalha uma mudança de nome disfarçada, para "Movimento 65", e começa a trabalhar Flávio Dino (PCdoB) como candidato ao Planalto em 2022, apresentando o atual governador do Maranhão como alguém moderado, que consegue dialogar com todos os atores políticos, o oposto de Lula.

Enquanto houver vida, há esperança para os petistas. Mas, ao que parece, Lula acabou.

Últimas notícias