Executivos da Odebrecht dizem que Graça criticou 'quadrilha' na Petrobras

As afirmações são de Rogério Araújo, um dos dirigentes da empreiteira preso na Operação Lava Jato
Da Folhapress
Publicado em 30/09/2015 às 18:45
As afirmações são de Rogério Araújo, um dos dirigentes da empreiteira preso na Operação Lava Jato Foto: Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil


A ex-presidente da Petrobras Graça Foster fez críticas internas a uma "quadrilha" existente na estatal e afirmou que os ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque se beneficiaram do esquema, segundo e-mails trocados entre executivos da Odebrecht.

As afirmações são de Rogério Araújo, um dos dirigentes da empreiteira preso na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras. Ele escrevia a Marcelo Odebrecht, presidente do grupo e também detido preventivamente.

As mensagens foram escritas em julho de 2014 -época em que Graça ainda estava à frente da estatal, enquanto Costa, ex-diretor de Abastecimento, estava preso.

De acordo com o executivo da Odebrecht, uma das testemunhas arroladas por Costa para depor em sua defesa, o funcionário da Petrobras Wilson Guilherme Silva, foi interpelado pela então presidente sobre a audiência. Silva foi gerente da área de Abastecimento.

Graça teria dito a ele: "Pense bem antes de ir e se definir em que quadrilha você pertence!".

Em outra ocasião, a ex-presidente afirmou, ainda segundo o relato do executivo, que não poderia defender o trabalho da diretoria anterior da Petrobras em relação à refinaria porque Costa "se beneficiou" e Duque, ex-diretor de Serviços, levava "dinheiro para partido".

PREOCUPAÇÃO

Marcelo Odebrecht manifestou preocupação com a posição de Graça.

"Ela quer detonar o PR [Paulo Roberto Costa]? Não apenas não ajudar como atacar?", escreveu Odebrecht. "Isto é suicídio, só vai prejudicar governo e empresa."

Araújo responde dizendo que Graça vinha "detonando" Duque, Nestor Cerveró (ex-diretor Internacional) e José Sérgio Gabrielli (ex-presidente da Petrobras) -os dois últimos, por "comentários ruins" em relação à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Foster renunciou ao cargo em fevereiro deste ano.

Em nota, a defesa dos executivos da Odebrecht informou que "lamenta as interpretações distorcidas e descontextualizadas" sobre os e-mails e disse que se manifestará sobre o caso no processo.

A reportagem também entrou em contato com a Petrobras para comentar o episódio, mas ainda não obteve resposta. A reportagem não conseguiu contato com Graça Foster.

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