A Câmara dos Deputados decidiu nesta quinta-feira (17) anexar ao pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), ex-líder do governo no Senado, de acordo com informações do primeiro-secretário da Mesa, deputado Beto Mansur (PRB-SP). Mansur foi o responsável por comunicar à Dilma sobre a abertura do processo.
“Estamos enviando o que foi lido no plenário [a representação inicial] e tem um nova informação, que é a delação premiada do Delcídio”, destacou Mansur pouco antes de se dirigir ao Palácio do Planalto para entregar a documentação ao ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
Questionado sobre quem teria juntado os documentos, Mansur afirmou não saber quem determinou a juntada do documento, mas disse acreditar que teria sido feita pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a pedido de Hélio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal, autores da representação.
Nessa quarta-feira (16), Cunha disse que não acrescentaria nada à peça em tramitação na Casa e que caberia à comissão especial analisar o pedido “Está aqui no documento que estou levando. Recebi da Mesa Diretora e não sei quem decidiu”, informou Mansur. “Entregar a documentação é minha responsabilidade. Caso a defesa da presidenta [Dilma] queira questionar, ela poderá fazê-lo na comissão especial”, acrescentou.
A intenção de aditar o pedido de impeachment já havia sido anunciada por líderes da oposição, logo após a divulgação do documento pela imprensa. A estratégia era que os responsáveis pela representação fariam o pedido de juntada do documento à Mesa Diretora da Câmara. Na ocasião, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que um aditamento ao pedido de impeachment tornaria o processo ilegal.
Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) atribuiu o aditamento ao jogo político. Segundo ele, a questão será debatida na comissão especial do impeachment. “Tudo isso estará dentro da comissão. São peças que já estão no tabuleiro. A comissão tem um fato, que é determinar se a presidenta cometeu ou não um crime de responsabilidade. Pessoalmente, acredito que ela não cometeu”, concluiu Guimarães.