Em Pernambuco, o principal efeito dos cortes no Orçamento da União deve ser sobre as obras de mobilidade, transportes e infraestrutura, resultado do contingenciamento nos Ministérios das Cidades e dos Transportes, que somam R$ 22,9 bilhões.
Segundo o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, as ações de combate à seca e as obras de recursos hídricos, como a Transposição do Rio São Francisco, serão prioridades para o governo e não devem ser atingidas pelo corte.
Projetos como os corredores exclusivos de ônibus e a navegabilidade do Capibaribe no Recife dependem de recursos federais que passam pelo Ministério das Cidades.
Como a prioridade do governo é garantir a conclusão dos projetos em andamento, novas obras como a duplicação e requalificação de rodovias federais também podem ficar para o próximo ano, caso não consigam entrar no pacote de concessões federais que será anunciado em junho.
O trecho norte do Arco Metropolitano, por exemplo, deve entrar na lista das concessões. A expectativa é que o trecho sul, que faz a ligação com Suape, seja licitado e tenha início ainda este ano.
Para o secretário estadual de Planejamento, Danilo Cabral (PSB), o anúncio é preocupante por causa do efeito sobre as obras desenvolvidas em parceria com o governo federal e que integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em março, quando a presidente Dilma Rousseff (PT) reuniu os governadores do Nordeste, um dos itens defendidos foi a manutenção dos investimentos do PAC. "Na época, o ministro (Aloizio) Mercadante garantiu que não ia ter redução no ritmo das obras do PAC. Infelizmente, parece que o governo mudou de opinião", lamenta Danilo.
Outra preocupação do governo estadual é o contingenciamento de recursos do programa Minha Casa, Minha Vida, que terá o ritmo das ações reduzido.
"Nós ainda vamos ter alguns desdobramentos porque não sabemos exatamente onde vão ocorrer esses cortes", pondera Danilo. "Até a pátria educadora contemplada no slogan do governo sofreu cortes", ironizou.