O ex-prefeito João Paulo (PT) inaugurou a era na política pernambucana da indicação de nomes técnicos para concorrer à eleição. Era a ideia de gabaritar alguém de sua estrita confiança para dar seguimento aos seus projetos. Para isso, lançou João da Costa (PT), secretário de sua gestão nos dois governos. Foi a primeira vez que um prefeito fazia o seu sucessor na história política da capital pernambucana. Em 2012, o ex-governador Eduardo Campos (PSB) sacou da sua gestão Geraldo Julio (PSB), que venceu a disputa nas urnas. Este ano, João da Costa disputará uma vaga na Câmara dos Vereadores e Geraldo Julio tenta a reeleição.
João da Costa foi eleito no primeiro turno, com 51% dos votos válidos e respondendo a um processo judicial que investigava o uso da maquina pública na campanha. Nas suas mãos, estava um dos principais programas da prefeitura, o Orçamento Participativo (OP).
Não se pode afirmar que João da Costa não era um desconhecido da militância do PT. Na época da eleição, já militava havia cerca de 20 anos no partido. Mas era um ilustre desconhecido para a imensa maioria dos recifenses. No OP, foi construindo suas bases. “O fato de João da Costa ganhar uma eleição e ganhar num primeiro turno, com o fato de Mendonça Filho (PFL) estar na disputa, ter sido governador, mostra que João Paulo, naquele momento, não estava errado”, avalia o cientista político Tulio Velho Barreto, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
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Para o pesquisador, a relação com o padrinho político é imediata. “João da Costa estava para João Paulo naquele momento como Geraldo Julio e Paulo Câmara estiveram, no momento da escolha, para Eduardo Campos”.
Com o PT, sabe-se que a aliança não foi bem sucedida. Ainda no primeiro ano de gestão de João da Costa, houve o rompimento com seu padrinho político.
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Quando defendeu o nome de João da Costa, em 2008, João Paulo queria alguém alinhado com os seus projetos. Outros nomes foram cogitados, caso de Mauricio Rands e Humberto Costa. Mas João da Costa recebeu o apoio de outros setores do PT e tinha a vantagem de conhecer o governo por dentro.
A decisão de João Paulo de defender o nome do seu secretário não foi unânime dentro do partido. “Houve uma preocupação muito forte de João Paulo de ter alguém à frente da prefeitura que fosse absolutamente confiável, alguém que pudesse ouvi-lo muito mais do que aconteceu”, avalia Humberto. “Se a escolha tivesse caído sobre alguém de outro grupo político que não o dele, ou sobre Maurício, que foi cogitado, sobre mim mesmo, sobre Pedro Eugênio, acho que poderíamos ter tido um resultado também positivo”, acrescentou.