A poucos dias da decisão sobre o destino político da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), a ex-senadora Marina Silva (Rede-AM) repetiu mais uma vez que o impeachment da petista é justo e criticou o presidente interino Michel Temer. As declarações foram dadas neste sábado em Olinda durante um ato de campanha de Antônio Campos (PSB), irmão do ex-governador Eduardo Campos e candidato a prefeito da cidade.
No discurso, Marina afirmou que Dilma e Temer são "farinha do mesmo saco" e citou a Lava Jato como um fator de descrédito da petista e do peemedebista. Candidata a vice-presidente na chapa de Eduardo Campos em 2014, antes da morte do pernambucano, ela não fez menção, no discurso, às investigações da política federal que citam o ex-aliado e integrantes do PSB, como o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB). À tarde, Marina comentou o assunto e disse que Eduardo Campos não estava vivo para se defender.
"Dilma e Temer são face da mesma moeda, farinha do mesmo saco, angu da mesma cumbuca. Quem botou Temer na linha sucessória de Dilma, não fui eu. O meu vice foi Beto Albuquerque. Foram eles que faltaram com a verdade juntos e estão juntos todos esses anos e eu digo o impeachment não é golpe. É legal, cumpre com a legalidade, mas não cumpre com a finalidade de passar o Brasil a limpo. No PT, tem pessoas denunciadas, investigadas, no PMDB também, inclusive dentro do governo. O correto seria julgar no TSE e comprovado, como mostra a Lava Jato, que o dinheiro da corrupção foi usado para fruadar as eleições o certo era cassar a chapa Dilma-Temer e convocar uma nova eleição", declarou.
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Em 2014, Marina não foi ao segundo turno com Dilma e Aécio Neves (PSDB-MG) e a avaliação de analistas políticos é de que os ataques feitos à ex-senadora no guia petista contribuíram para isso. Agora, a poucos dias do impeachment, a criadora da Rede dá o troco na rival.
"As eleições serão ganhas com base em um programa. Não se pode eleger dando um chque em branco. Eu e Eduardo pagamos um preço muito alto por termos apresentado um programa de governo. A presidente Dilma ganhou a eleição sem apresentar programa de governo, nem no primeiro e nem no segundo turno. E sabe por que não apresentou? Não teria coragem de escrever no papel as mentiras que foram ditas verbalmente que o Brasil estava bom e que estava tudo maravilhoso e que a culpa era dos outros. Hoje, temos 11,4 milhões de desempregados", afirmou.
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Marina aproveitou para reforçar a tese de que o ideal seria a realização de novas eleições gerais e afirmou que Dilma e Temer têm medo dessa alternativa. "Por que eles têm medo do povo? Por que acham melhor uma saída por cima do que uma saída da base? É porque agora não dá mais para mentir, para dizer que vão aumentar cada vez mais o Fies, o Pronatec, o Prouni, dizendo que o Brasil está maravilhoso e vai continuar crescendo", disse.
Ao lado de Antônio Campos, Marina pediu votos para o aliado e ainda reforçou a campanha do prefeito do Recife e candidato à reeleição Geraldo Julio (PSB). "Mudar Olinda é fundamental. Manter o Recife no rumo certo é fundamental com Geraldo. Quem quer a mudança e a verdade, vai votar 40", declarou.
Antes do ato em Olinda, Marina Silva tomou café com o governador Paulo Câmara (PSB). Depois do evento com Antônio Campos, a ex-senador se encontrou com Geraldo Julio para gravar imagens para o guia eleitoral. Nesta segunda-feira, ela participa de um ato de campanha ao lado do prefeito.
Marina também aproveitou para citar a família Campos. "Tenho muita gratidao a Pernambuco por tudo o que foi possível graças ao apoio que o PSB, Renata (viúva de do ex-governador) e as crianças de Eduardo me deram naquele momento difícil", citou.