Luta será implacável, dizem partidos e sindicatos pró-Dilma após impeachment

Entidades como CUT, UNE, PT e PCdoB prometem oposição a Michel Temer
JC Online
Publicado em 31/08/2016 às 15:06
Entidades como CUT, UNE, PT e PCdoB prometem oposição a Michel Temer Foto: Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado


Após o Senado Federal confirmar o impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a Frente Brasil Popular, movimento que reúne entidades como a CUT e a UNE e partidos como PT e PCdoB, divulgou uma carta em que promete uma "luta implacável" contra o "governo golpista" do novo presidente Michel Temer (PMDB) e seu programa para o País.

"Buscaremos a unidade e a mobilização das mais amplas forças populares, combatendo sem cessar, até derrotarmos a coalizão antidemocrática que rompeu com o Estado de Direito", diz o documento.

Segundo o texto, as forças mais reacionárias interromperam o mandato legítimo e impuseram um governo usurpador. "Atropelaram o resultado eleitoral, condenaram uma mulher inocente e sacramentaram o mais grave retrocesso político desde o golpe militar de 1964", afirma o documento.

"A maioria dos senadores brasileiros dobrou-se à fraude e à mentira, chancelando um golpe parlamentar contra a Constituição e a soberania popular", diz ainda.

IMPEACHMENT

Dilma Rousseff perdeu definitivamente o cargo com o voto de 61 dos 81 senadores. Dentre os pernambucanos, Fernando Bezerra Coelho (PSB) foi o único a votar contra a petista. Armando Monteiro Neto (PTB) e Humberto Costa (PT) foram a favor da permanência dela no poder.

Leia a íntegra da carta da Frente Brasil Popular:

Carta da Frente Brasil Popular à Presidenta Legítima Dilma Rousseff

Companheira Presidenta Dilma Rousseff

Primeiramente, como dizem as ruas, fora Temer!

A maioria dos senadores brasileiros dobrou-se à fraude e à mentira, chancelando um golpe parlamentar contra a Constituição e a soberania popular.

As forças mais reacionárias, ao interromper vosso legítimo mandato, impuseram um governo usurpador, que não esconde suas opções misóginas e racistas.

Atropelaram o resultado eleitoral, condenaram uma mulher inocente e sacramentaram o mais grave retrocesso político desde o golpe militar de 1964.

Esta ruptura da ordem democrática materializa os propósitos antipatrióticos e antipopulares das elites econômicas, empenhadas em ampliar sua margem de lucro através da destruição de direitos e conquistas do povo brasileiro, como a companheira denunciou diante de seus algozes de hoje.

Os golpistas não escondem seu programa: entre outras medidas contra o povo, pretendem reduzir investimentos em saúde, educação e moradia, eliminar direitos trabalhistas, acabar com a vinculação da aposentadoria básica ao salário mínimo, esvaziar programas sociais e entregar o pré-sal às corporações internacionais.

A agenda dos usurpadores rasga as garantias da Constituição de 1988 e afronta as conquistas obtidas durante os governos do presidente Lula e o da companheira, com o claro intuito de favorecer os interesses da plutocracia do dinheiro, da indústria, da terra e da mídia, em detrimento dos trabalhadores e das camadas médias.

Durante os últimos meses, ao lado da companheira, resistimos contra o golpe institucional por todo o país. Milhões de brasileiros e brasileiras participaram de manifestações e protestos, em um esforço unitário para defender a democracia, os direitos populares e a soberania das urnas.

A voz da companheira, em seu discurso de 29 de agosto frente a seus julgadores, nos representa. Ali se fez ouvir, com dignidade e audácia, a verdade sobre o golpe em curso, sua natureza de classe e sua ameaça ao futuro da nação, pois os usurpadores não escondem sua submissão aos centros imperialistas e buscam destruir a política externa independente dos governos petistas.

Perdemos uma batalha, mas a resistência apenas começa. Nas ruas e nas instituições. Nos locais de estudo, trabalho e moradia. Mais cedo do que pensam os usurpadores, o povo brasileiro será capaz de rechaçar seus planos e retomar o caminho das grandes mudanças.

Nossa luta contra o governo golpista e seu programa para retirada de conquistas será implacável. Buscaremos a unidade e a mobilização das mais amplas forças populares, combatendo sem cessar, até derrotarmos a coalizão antidemocrática que rompeu com o Estado de Direito. Estamos certos de que a companheira continuará a inspirar e protagonizar a resistência contra o golpismo.

Do mesmo lado da trincheira e da história, lutaremos até a vitória de um Brasil democrático, justo e soberano.”

#LutarSempre

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