Abertamente de olho numa candidatura majoritária em 2018, o PSDB planeja dedicar o próximo ano para atrair candidatos e turbinar a musculatura eleitoral em Pernambuco. Cortejados ora para se alinharem ao governo Paulo Câmara (PSB), ora à oposição do senador Armando Monteiro Neto (PTB), os tucanos prometem se cacifar e, se possível, lançar a candidatura a governador do ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB).
“Nós não queremos ser a noiva. Queremos ser os protagonistas com uma presença muito forte em 2018. Inclusive com uma candidatura ao governo. Mas óbvio que nenhuma porta está fechada”, defende o deputado federal Betinho Gomes (PSDB). “Temos Bruno Araújo como pretenso candidato majoritário, não sei em que posição, e que está num ministério muito importante para o interior”, explica o deputado federal Daniel Coelho (PSDB).
O desempenho do governo Michel Temer (PMDB) será decisivo para os planos do PSDB no Estado. Inclusive pelo simbolismo de ter sido Bruno a dar o voto decisivo para a queda de Dilma Rousseff (PT) na votação do impeachment. Além disso, os tucanos têm como prioridade máxima retomar a presidência da República. Em 2014, a legenda priorizou uma aliança com o PSB para crescer junto ao eleitorado do Nordeste. O adiamento da eleição da Executiva Nacional empurrou o debate sobre o candidato à presidência; mas o tema deve voltar à baila no segundo semestre.
O entendimento majoritário no PSDB pernambucano é que um partido só cresce quando disputa eleições majoritárias. Desde já, a Executiva Nacional do partido tem acompanhado de perto o cenário político em Pernambuco através do secretário-geral Silvio Torres (SP); que tem mantido conversas frequentes com o presidente do PSDB-PE, o deputado estadual Antônio Moraes. Com o movimento antipetista, os tucanos esperam ser um polo de atração para candidatos ao Legislativo e capazes de dialogar com uma classe média que mostrou força indo às ruas pelo impeachment.
Em Pernambuco, o PSDB elegeu 13 prefeitos em 2016; menos que os 20 que levaram há quatro anos. Os tucanos perderam cidades importantes como Jaboatão dos Guararapes e Ipojuca, no Grande Recife. Mas a vitória de Raquel Lyra (PSDB) em Caruaru foi comemorada porque fortalece a legenda no interior.
“Qualquer pernambucano que ocupar um ministério importante vai ser uma alternativa. Mas não toco o trabalho pensando em 2018. E, sim, pensando na entrega ao final do dia”, diz Bruno. Ciente da “responsabilidade para com o partido”, o tucano promete ajudar na organização interna da sigla para a próxima eleição, mas evitar se antecipar como um nome. “Na política, ninguém enxerga muitos centímetros à frente. 2018 está muito longe.”
Mesmo em 2016, ano de “mergulhar no ministério”, Bruno Araújo conseguiu ter agendas oficiais em sete cidades do Estado. O tucano entregou 2,5 mil moradias do Minha Casa, Minha Vida e prometeu outras 6,3 mil até março. São 30 mil em construção. Também recebeu 18 prefeitos, deputados ou empresários pernambucanos em Brasília. O ministério ainda concentra mais de meio bilhão de reais em investimentos do PAC e R$ 61 milhões para recuperação do Metrô do Recife.