A crescente pressão sobre o governo estadual tem revelado uma mudança de postura do governo Paulo Câmara (PSB) em relação a temas espinhosos para a gestão. Em vez de “blindar” o governador da “pauta negativa”, delegando a secretários ou auxiliares tratar de problemas, o próprio Paulo tem vindo a público enfrentar as dificuldades, fato que até o fim do ano passado não era usual. A recente crise na segurança revela a mudança de postura.
Nesta quarta-feira (22), assim como fez na terça (21), Paulo Câmara concedeu entrevistas para tratar do roubo cinematográfico a uma empresa de valores na Zona Oeste do Recife. No quadro Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o governador voltou a defender o ato de bravura dos PMs, reconheceu dificuldades na área de segurança, com os crescentes índices de violência, mas defendeu o Pacto Pela Vida, voltando a citar a meta de redução de homicídios em 12%, mês a mês, fixada no início do programa pelo então governador Eduardo Campos.
“Evidente que os 12% colocado lá atrás pelo Pacto Pela Vida ainda é um valor a ser alcançado. É possível. Trabalhamos todo dia para não ter nenhum homicídio em Pernambuco, essa é a minha meta. Vamos trabalhar para ter uma redução cada vez maior”, disse ele. “Nossa transparência é muito grande, não vou omitir que os números estão muito ruins. Estamos enfrentando muita coisas, muita gente torcendo contra. Mas não vamos recuar. Eu, como governador, não vou me omitir de dizer a verdade e buscar alternativas para reverter esses resultados”, reforçou Paulo Câmara.
Em outro episódio recente envolvendo a área de segurança – o projeto de reajuste dos militares – Paulo também tomou a linha de frente em declarações públicas fortes contra PMs e associações militares que estariam fomentando um movimento grevista.
O governador homenageou, nesta quarta-feira (22) pela manhã, no Comando da Polícia Militar, os PMs que participaram da ação de repressão ao roubo da empresa de valores Brinks. Paulo solicitou a abertura de um procedimento para que os militares sejam promovidos por bravura. Segundo Paulo, os danos poderiam ter sido maiores sem atuação arriscada da PM, que frustrou a ação dos bandidos.
Paulo também ressaltou que o grupo criminoso envolvido no roubo era profissional e portava armas contrabandeadas, cobrando maior controle da União sobre as fronteiras. “Esse armamento não existe nem no Brasil. Infelizmente, o Brasil tem um tráfico de armas nas fronteiras que facilita essas pessoas a terem acesso a esse tipo de armamento”.
Ele garante que a polícia do Estado tem instrumentos de investigação. “Os serviços de inteligência estão funcionando. Muita gente está sendo presa. Já noticiaram a prisão do maior assaltante de Bancos do País, fora outras quadrilhas presas, mais de 100 pessoas que estavam atuando no nosso Estado. A nossa polícia é competente, está investigando e eu tenho confiança no trabalho de todos que fazem a defesa social do nosso Estado”.