Com o nome incluído na lista de pedidos de inquéritos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), queixou-se do fato de não saber o motivo por ter sido citado. “É difícil em uma democracia você se defender de algo sem saber o que lhe é imputado”, disse Araújo, nesta quarta-feira (23), durante anúncio de obras de saneamento na Zona Norte do Recife.
A crítica do ministro foi na mesma semana em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes criticou o vazamento de informações pela procuradoria-geral da República.
Semana passada, pelo menos cinco ministros do governo de Michel Temer apareceram na lista de pedidos de inquéritos de Janot. Esta semana, mais nomes foram incluídos.
São eles: Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Bruno Araújo (Cidades), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia e Comunicações), Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) e Marcos Pereira (ministro da Indústria e Comércio).
Assim que o vazamento da lista saiu, Araújo mandou uma nota dizendo que solicitou doações para diversas empresas, inclusive a Obrebrecht. "O sistema democrático vigente estabelecia a participação de instituições privadas por meio de doações", ressaltou.
O ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht em Brasília Cláudio Mello Filho não cita pagamentos realizados por ele ao ministro. Segundo o delator, ele teria somente reforçado a outro diretor da Odebrecht, João Pacífico, responsável pela região Nordeste do Brasil, "a necessidade de uma atenção especial" ao então deputado. "Me tranquilizou o fato de Pacífico ter me dito que não me preocupasse, pois a mesma solicitação teria sido feita a ele por Marcelo Odebrecht", disse o delator.