A expectativa de paralisar os serviços no Grande Recife para mostrar a insatisfação com as reformas propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB) surtiu efeito nas ruas e tornou-se realidade nesta sexta-feira (28), durante a Greve Geral promovida pelas centrais sindicais. Os ônibus ficaram nas garagens, o comércio no Centro do Recife fechou e as ruas ficaram vazias. Mas, na Praça do Derby, a falta de coletivos não impediu que os manifestantes fossem protestar contra a votação da Reforma da Previdência e a aprovação da Trabalhista, que seguiu para o Senado.
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O público ainda era majoritariamente formado por pessoas ligadas a sindicatos e a movimentos sociais. A coloração vermelha, cor característica dos grupos de esquerda, se sobressaiu em meio à multidão. No entanto, o protesto teve a presença de setores que há tempos não participavam de atos políticos, como membros das Igrejas Católica e Protestantes. Estudantes e profissionais liberais também se engajaram.
Nas palavras de ordem, em cima do trio elétrico, os representantes das nove centrais sindicais à frente da greve procuraram dissociar o caráter político partidário e dar um tom mais combativo. Mas, nem por isso, o presidente Michel Temer (PMDB) foi poupado. “Nenhum direito a menos”, “Fora, Temer” e “Parem as reformas ou paramos o Brasil”. Estas foram algumas das mensagens dos cartazes e dos gritos de ordem. Ao contrário de manifestações anteriores, onde o nome de Lula era muito pontuado, desta vez a menção ao ex-presidente veio apenas no boneco gigante dele e da ex-presidente Dilma Rousseff, que percorreram a manifestação. Mas o foco dos discursos e dos cartazes era a revolta com o avanço das reformas.
Com o panfleto da CNBB nas mãos, que orientava a Igreja na defesa dos trabalhadores, o pároco da Igreja São José de Abreu e Lima, Emanuel Marques, participou da mobilização. “O que nos une aqui é a conjuntura atual do Brasil que está cada vez mais se afunilando para maltratar e destruir a democracia e o direitos dos trabalhadores, principalmente das camadas mais penalizadas da sociedade. Não estamos sozinhos, mas amparados pelos superiores”, disse, ladeado por freiras e outros padres.
Os deputados federais favoráveis à reforma também entraram na mira dos protestos. Uma faixa exibia as fotografias e os nomes dos políticos, seguido da mensagem: “Em 2018, a gente dá o troco”. Os parlamentares favoráveis à lei da terceirização também foram tachados, em cartazes, de “traidores”.