O dia em que o Recife parou por causa dos atos contra as reformas de Temer

População ficou sem ônibus, comércio e as ruas ficaram vazias. O metrô funcionou, mas parcialmente
Jornal do Commercio
Publicado em 28/04/2017 às 22:10
Foto: Foto: Guga Matos/JC Imagem


A expectativa de paralisar os serviços no Grande Recife para mostrar a insatisfação com as reformas propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB) surtiu efeito nas ruas e tornou-se realidade nesta sexta-feira (28), durante a Greve Geral promovida pelas centrais sindicais. Os ônibus ficaram nas garagens, o comércio no Centro do Recife fechou e as ruas ficaram vazias. Mas, na Praça do Derby, a falta de coletivos não impediu que os manifestantes fossem protestar contra a votação da Reforma da Previdência e a aprovação da Trabalhista, que seguiu para o Senado.

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Os personagens

O público ainda era majoritariamente formado por pessoas ligadas a sindicatos e a movimentos sociais. A coloração vermelha, cor característica dos grupos de esquerda, se sobressaiu em meio à multidão. No entanto, o protesto teve a presença de setores que há tempos não participavam de atos políticos, como membros das Igrejas Católica e Protestantes. Estudantes e profissionais liberais também se engajaram.

As centrais sindicais

Nas palavras de ordem, em cima do trio elétrico, os representantes das nove centrais sindicais à frente da greve procuraram dissociar o caráter político partidário e dar um tom mais combativo. Mas, nem por isso, o presidente Michel Temer (PMDB) foi poupado. “Nenhum direito a menos”, “Fora, Temer” e “Parem as reformas ou paramos o Brasil”. Estas foram algumas das mensagens dos cartazes e dos gritos de ordem. Ao contrário de manifestações anteriores, onde o nome de Lula era muito pontuado, desta vez a menção ao ex-presidente veio apenas no boneco gigante dele e da ex-presidente Dilma Rousseff, que percorreram a manifestação. Mas o foco dos discursos e dos cartazes era a revolta com o avanço das reformas.

Apoio da igreja

Com o panfleto da CNBB nas mãos, que orientava a Igreja na defesa dos trabalhadores, o pároco da Igreja São José de Abreu e Lima, Emanuel Marques, participou da mobilização. “O que nos une aqui é a conjuntura atual do Brasil que está cada vez mais se afunilando para maltratar e destruir a democracia e o direitos dos trabalhadores, principalmente das camadas mais penalizadas da sociedade. Não estamos sozinhos, mas amparados pelos superiores”, disse, ladeado por freiras e outros padres.

Crítica aos políticos

Os deputados federais favoráveis à reforma também entraram na mira dos protestos. Uma faixa exibia as fotografias e os nomes dos políticos, seguido da mensagem: “Em 2018, a gente dá o troco”. Os parlamentares favoráveis à lei da terceirização também foram tachados, em cartazes, de “traidores”.

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O dia amanheceu sem ônibus

Na manhã desta sexta-feira (28), o Grande Recife amanheceu sem ônibus e com terminais integrados vazios. Isso porque os rodoviários aderiram à greve geral contra as reformas trabalhista e da Previdência. Com isso, a população enfrentou dificuldades para chegar ao trabalho. À tarde, o Sindicato dos Rodoviários liberou os trabalhadores para voltar ao trabalho, mas mesmo assim não houve circulação de coletivos.

 

Metrô funcionou parcialmente

Apesar da confirmação de paralisação por parte dos metroviários, as linhas Centro e Sul do metrô funcionaram na manhã desta sexta-feira (28). As principais estações do Centro do Recife, como Joana Bezerra e a Estação Recife, tiveram movimentação abaixo do normal, devida à falta de operação dos seus terminais de integração. À tarde, o metrô reabriu de 16h e funcionou até as 20h, quando fechou os portões.

Mascarados quebraram a Habib's

A passeata contrária às reformas propostas pelo governo de Michel Temer (PMDB) registrou pelo menos um ato de vandalismo na tarde desta sexta-feira (28) no Recife. Quando os manifestantes chegaram no final da via, perto do cruzamento com a Rua da União, um grupo de pessoas com os rostos cobertos começaram o quebra-quebra.

O alvo do ataque foi o local onde, até o final do mês de março deste ano, funcionava uma unidade do Habib's. A empresa não trabalha mais no espaço, mas mesmo assim, integrantes do grupo chutaram as portas de ferro e picharam a fachada. Depois disso, os mascarados se dispersaram.

Manifestantes bloquearam as estradas

Em dia de manifestações do ato unificado da Greve Geral, rodovias estaduais e federais amanheceram bloqueadas nesta sexta-feira (28), no Interior de Pernambuco. Houve interdições na Zona da Mata, Agreste e Sertão de Pernambuco. Ao todo, foram oito pontos bloqueados nas rodovias federais de Pernambuco. 

 Repórter da TV Jornal assaltado no protesto

O repórter da TV Jornal Jonnath Monteiro foi roubado, na manhã desta sexta-feira (28), enquanto cobria o protesto realizado na Avenida Recife, em Areias, Zona Oeste do Recife - a avenida foi fechada nos dois sentidos por causa do dia de paralisação nacional. Jonnath estava filmando atos de vandalismo que a população da área fazia durante a manifestação quando representantes da Central Única dos Trabalhadores o cercaram "para que ele não registrasse mais as imagens".

Aeroporto funcionou normalmente

Devido a greve geral contrária às reformas trabalhista e da Previdência desta sexta-feira (28), alguns serviços foram paralisados no Grande Recife. No entanto, no Aeroporto Gilberto Freire o funcionamento continua normalmente, segundo o posto de polícia do local. Entre as 6h e 7h, houve uma pequena manifestação, com cerca de 18 participantes com faixas da Central única de Trabalhadores (CUT) na área de embarque, mas sem interdições.

Como agiram os bancários

Cerca de oito mil bancários paralisaram as atividades nesta sexta-feira (28) em Pernambuco para participar da Greve Geral. O número representa 67% do efetivo no Estado e impacta a atividade de 202 agências bancárias. A decisão de paralisar as atividades foi tomada em assembleia realizada na última terça-feira (18) no sindicato da categoria, localizado na área central do Recife.

A Greve Geral pelas lentes da JC Imagem

 

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