A bancada de Pernambuco reuniu-se para discutir a situação da Hemobras, diante da proposta do governo de construir outra fábrica de produção de hemoderivados em Maringá (PR). A deputada Luciana Santos (PCdoB) participou da reunião e opinou que é imprescindível defender a empresa e garantir sua permanência e pleno funcionamento das suas atividades em Pernambuco.
“O Brasil, à época de criação da Hemobras, importava cerca de 30 bilhões em farmoquímicos, em função de que não tínhamos tecnologia para produzir. Se tomou a decisão de criar uma empresa pública para começar a suprir essa demanda. Essa produção de hemoderivados atual representa apenas 1 bilhão, mas é estratégica numa linha de deter conhecimento e todo mundo sabe o quanto isso é importante”, explicou a parlamentar.
Humberto Costa exige permanência da Hemobras em Pernambuco
Luciana acompanhou a instalação da empresa desde sua fundação e foi uma das defensoras da instalação em Goiana, como forma de diversificar a matriz econômica da região e de garantir emprego e renda para o local. Diante da proposta do Ministério da Saúde, a comunista se posicionou frontalmente contrária.
“A proposta não é de transferir a fábrica — explicou —, a proposta é abrir outra fábrica para produzir recombinantes, que é a mais estratégica para manutenção da Hemobras. A Hemobras de Goiana continuaria produzindo outros tipos de derivados, o que na prática iria esvaziar a unidade de Goiana. Seria matar por inanição a fábrica de Goiana”, denunciou a deputada.
Para ela, o jogo do governo Temer está claro.
“Esta é uma manobra. O ministro vai dizer que não quer acabar, vai dizer que está ampliando. Mas é uma pegadinha, porque quando você coloca a produção em outra cidade você simplesmente matou a produção que tem aqui. A gente precisa defender o investimento que já foi feito. Essa proposta é uma coisa insana, sem nenhuma justificativa para acontecer”, concluiu.
No fim do dia os parlamentares pernambucanos foram recebidos pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, para conversar sobre a questão. O ministro foi indagado sobre as razões para esvaziar um investimento em curso para começar outro, do zero, com os mesmos objetivos.
A deputada Luciana enfatizou que o papel do Estado não pode ser focado exclusivamente na questão do lucro, mas precisa se pautar pela superação das desigualdades regionais e na geração de emprego, renda e qualificação. Ela constatou que com a criação da Hemobrás Pernambuco conseguiu formar e atrair recursos humanos e teve bom desempenho.
“Em Pernambuco temos competências para desenvolver a tecnologia de produção desse tipo de medicamento, além de ter uma boa cultura de doação de sangue, do voluntariado. Nesse debate acho que ficou claro que estamos tratando da jóia da coroa, estamos tratando do fator VIII recombinante, que é o que há de mais viável para o sentido de ser da própria Hemobras”, disse ao ministro.