O senador Fernando Bezerra Coelho (PMDB) passou a adotar um discurso mais direto contra a gestão do governador Paulo Câmara (PSB) em artigo publicado no Jornal do Commercio nesta quarta-feira (4). Com o título “Pernambuco ficando para trás”, o parlamentar recém-filiado ao PMDB cita os números negativos da violência e de investimento de Pernambuco e reafirmou a sua intenção de liderar uma “nova agenda” para o estado.
O líder do bloco oposicionista da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado estadual Silvio Costa Filho (PRB) afirmou que as declarações de FBC são assertivas e se alinham ao "sentimento da oposição". “O senador Fernando Bezerra Coelho reproduz no seu discurso o sentimento de milhares de pernambucanos que identificam no governo Paulo Câmara um governo sem rumo, sem direção e ficando para trás. O que nós observamos é a falta de liderança do governador e mais do que isso, a falta de articulação nacional", disse o parlamentar.
Segundo Silvio, a oposição trabalha em prol de uma agenda diferente para o estado, independente do projeto para 2018. O deputado é aliado do senador Armando Monteiro (PTB), que vem sendo cotado como um nome para compor uma chapa de oposição à Paulo Câmara, assim como o próprio Fernando Bezerra e o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB), apesar de que, em seu artigo, FBC se coloca como a pessoa que estará a frente da chapa majoritária. “O senador Fernando é um nome natural para disputar o governo do estado, assim como o senador Armando. Quem não quer disputar o governo com Paulo Câmara para debater Pernambuco? O grande desafio dos candidatos é fazer um debate propositivo dos interesses de Pernambuco”, contou.
"Pernambuco ficando para trás
Essa semana ultrapassamos a marca de mais de 4 mil homicídios, retroagimos aos vergonhosos números anteriores ao Pacto pela Vida, em 2007. O ministro da Defesa afirma que Pernambuco é mais violento que o Rio de Janeiro. Infelizmente, os nossos problemas não se resumem à violência e insegurança. Pernambuco está ficando para trás na sua capacidade de realizar projetos e articular a sua força política para transformá-los em investimentos a favor da nossa gente.
De 2011 a 2014, Pernambuco investiu R$ 9,6 bilhões. A Bahia R$ 8,0 bilhões e o Ceará R$ 9,1 bilhões. Pernambuco soube fazer valer a sua força política para liderar os investimentos públicos no Nordeste.
Em 2015, o Brasil mergulha na sua maior crise econômica, com reflexos bastante negativos em todo o Nordeste. Os números dos investimentos, de 2015 a junho de 2017, não socorrem a gestão Paulo Câmara que afirma estarmos de pé, apesar da crise, pelo simples fato de manter os salários dos servidores em dia. Isto é pouco. Pernambuco merece mais.
Pernambuco, que liderava, literalmente desaba. Agora, se posiciona em um distante 3º lugar com R$ 2,6 bilhões. A Bahia, lidera com quase duas vezes e meia a mais, alcançando R$ 6,4 bilhões, e o Ceará vem em 2º lugar com quase o dobro de Pernambuco, com mais de R$ 4,9 bilhões.
Por termos grandes carências nas áreas sociais e de infraestrutura, um investimento não realizado hoje, fará muita falta amanhã. Não podemos nos acomodar. Não podemos aceitar o mínimo.
Nos próximos meses, teremos a oportunidade de debater e apontar as razões que explicam a desaceleração do nosso estado. A crise do Brasil explica uma parte, mas não explica tudo. Muito tem a ver com as escolhas e as opções que aqui foram feitas.
Temos o dever de aspirar mais, de sonhar mais, de lutar mais, pois Pernambuco tem força e potencial para liderar o Nordeste. Pernambuco precisa de uma nova agenda, de um novo caminho, de uma nova liderança, para construir um novo tempo".