Gilberto Gil é um dos músicos brasileiros mais influentes fora do País, tem 75 anos, mais de 60 discos gravados, vários Grammys e duas passagens pela vida pública, como vereador e ministro da Cultura. No programa 20 Minutos desta semana, o artista conversou sobre política e cultura com o cientista político Antônio Lavareda e mostrou que, em tempos de polarização partidária radical, prefere o caminho do centro no debate.
Na primeira parte do programa, que foi ao ar ontem à noite na TV Jornal, o baiano defendeu a realização de uma profunda reforma política no País e disse acreditar que “o candidato que vai ganhar mais fôlego (nas eleições presidenciais de 2018) é aquele que apresentar alternativas pelo centro”. Questionado sobre a “onda regressiva” que atinge o País, com várias pessoas abraçando ideias conservadoras, Gil disse ter a impressão de que “para governar, venha quem vier, de centro-direita ou de centro-esquerda, terá que apostar em uma economia mais racionalizada, em uma melhor distribuição de renda e em programas sociais”.
Já no segundo bloco, ao responder uma pergunta sobre a cultura do ódio nas redes sociais, Gil afirmou que essa raiva é natural e meramente reativa à nossa realidade atual. “Esses sentimentos negativos são uma reação, ao meu ver, muito natural a uma tendência de racionalidade, de racionalização tecnicista cada vez maior. As pessoas estão tendo que se submeter cada vez mais às ordenações do computador e de tudo o que decorre do mundo cibernético e isso causa muita dor interna, tensão, estresse”, argumentou o músico.
Reafirmando seu posicionamento favorável à legalização das drogas, Gil disse a Lavareda que, querendo ou não, a mídia vem sendo obrigada a proporcionar esse debate. “O mesmo menino cujo pai vê na televisão uma pesquisa que mostra que a maioria dos brasileiros é contra a legalização da maconha e a apoia, vai assistir uma notícia mostrando que a droga está liberada em outros locais. A mídia está sendo obrigada a colaborar, mas poderia fazer isso melhor”, defendeu.
Sobre sua passagem pelo Ministério da Cultura, o cantor afirmou que foi feliz no cargo de ministro, mas que deixou projetos pendentes. “Não é possível que eu fizesse todas as coisas que eu almejava, até porque muitas delas ainda eram um embrião naquele momento. A discussão da cultura digital, por exemplo, foi uma especulação que começou conosco. Fui feliz por causa disso, porque estava ali fazendo o que deveria fazer”.
O programa 20 Minutos com Gilberto Gil será retransmitido neste domingo (22), às 11h40, na Rádio Jornal, e segunda (23), às 8h30, pela TV JC no Facebook e no Youtube.