A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou, nesta terça-feira (24), um requerimento de autoria do deputado estadual Pastor Cleiton Collins (PP) que prevê o envio de um apelo ao ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), para que ele retire expressões da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que, segundo o parlamentar, contenham relação com a “ideologia de gênero”. Dos deputados que estavam na casa durante a votação, apenas cinco foram contrários à proposta: Priscila Krause (DEM), Teresa Leitão (PT), Edilson Silva (Psol), Laura Gomes (PSB) e Sílvio Costa Filho (PRB).
Um grupo de cerca de 15 pessoas que acompanhava a sessão com bandeiras do Brasil, camisetas com fotos do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) e faixas com frases como “Nós não queremos a ideologia de gênero” e “Viva a família” comemorou o resultado da votação e ainda chamou os parlamentares que votaram contra o requerimento de “comunistas” e “ateus”. A proposta de Collins foi protocolada na semana passada e posta em votação em três sessões consecutivas, mas os deputados que não concordavam com ela se retiraram do plenário em todas as ocasiões e, por falta de quórum, a discussão ficava travada. Na quarta sessão, hoje, o requerimento foi aprovado pela maioria dos deputados.
“Queremos que o ministro Mendonça ouça o clamor das ruas. Hoje temos mais de um milhão e meio de petições de famílias que não aceitam a questão de gênero nas escolas, na grade curricular. Questionamos também essa centralização, tirando dos pais o poder de participar da educação dos filhos, pois tudo o que estivesse na cartilha, deveria ser ensinado”, argumentou o parlamentar.
Um dos trechos do texto da BNCC criticado por Collins sugere “discutir as experiências corporais pessoais e coletivas desenvolvidas em aula, de modo a problematizar questões de gênero e corpo”. Para a deputada Priscila Krause, não há no material nenhuma referência à ideologia de gênero, mas sim o incentivo ao debate do corpo em matérias específicas.
“Nas artes, especificamente em dança e expressão corporal, se fala lá em trabalhar a questão do corpo e gênero. Sendo a dança uma linguagem corporal, como não se trabalha essas questões? Isso não está relacionado diretamente à homossexualidade. Um homem que quer fazer dança ou uma menina gordinha que quer fazer balé, por exemplo, se encaixaria nesse quadro. E eu falo por experiência própria, pois na minha infância e adolescência eu enfrentei várias questões por ser gordinha e não ser ‘adequada’ para fazer determinadas atividades”, pontuou a democrata.
Além de considerar o apelo aprovado “inapropriado”, Teresa Leitão acredita que a proposta não é contra a questão de gênero, mas contra a diversidade. “A escola não pode educar sem considerar o que existe de bom e de ruim na sociedade, para elevar os valores e coibir aquelas questões que hoje são tão desagregadoras e desumanizantes na sociedade, por exemplo a violência, a pedofilia, a agressão contra a mulher, a corrupção etc. Você vai desconhecer que existe diversidade étnico-racial? Que existe diversidade de religião? Que existe diversidade de orientação sexual? Que existe diversidade de crenças? Eles caracterizam ideologia de gênero a escola reconhecer que isso existe e combater o preconceito, afirmou.