O governador Paulo Câmara (PSB) se reuniu ontem à tarde, em Brasília, com o ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, para solicitar a liberação de recursos da emenda de bancada previstos para a Adutora do Agreste, que está com vários lotes parados devido à falta de repasse de verba do governo federal, o qual deveria bancar 90% do empreendimento. “Esses recursos são essenciais para que não ocorra a paralisação das obras”, disse Paulo.
O empreendimento deveria receber R$ 360 milhões da União em 2017. No entanto, chegaram apenas R$ 67 milhões. A Adutora do Agreste está com 400 quilômetros de tubulação assentada e a previsão era de uma parte do empreendimento entrar em operação este mês, o que não ocorreu por falta de recursos. “Se chegar até R$ 100 milhões até o final deste ano, a água chega em pelo menos nove cidades, no máximo, em março de 2018”, afirmou o presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Roberto Tavares. As cidades que poderão ter água da Adutora são: Arcoverde, Pesqueira, Sanharó, Belo Jardim, Tacaimbó, São Caetano, Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. Com exceção de Arcoverde, as demais estão no Agreste, a região mais prejudicada com uma estiagem que já dura mais de seis anos.
A Adutora do Agreste está com obras paradas nas cidades de Belo Jardim, São Bento do Una, Lajedo, São Caetano, Cachoeirinha, Belo Jardim, Brejo da Madre de Deus, entre outras. Também estão parados os 20 poços que seriam perfurados na área de Tupanatinga para a adutora não depender da água da Transposição do São Francisco. Essa última consiste na construção de dois grandes canais: o Eixo Norte, que vai de Cabrobó ao Ceará, e o Eixo Leste, que começa em Floresta seguindo até a cidade de Monteiro, na Paraíba. O Eixo Leste está em operação, enquanto o Norte ainda está em obras.
Inicialmente, o planejado era a água do Eixo Leste chegar em Arcoverde pelo Ramal do Agreste, que deveria ter sido construído pelo governo federal. O Ramal do Agreste nunca saiu do papel. Ele captaria a água em Sertânia e levaria até Arcoverde, onde começa a Adutora do Agreste que vai beneficiar mais de 20 municípios da região nessa primeira etapa em construção desde 2013.
Ao perceber que o Ramal do Agreste não avançava, o governo do Estado, ainda na gestão do ex-governador Eduardo Campos (PSB), optou por furar os poços de Tupanatinga para injetar essa água na Adutora do Agreste.
Atualmente, a transposição beneficia aproximadamente 800 mil pessoas na Paraíba e cerca de 30 mil pessoas nas proximidades de Sertânia pela falta de obras como o Ramal do Agreste e Adutora do Agreste.
O governador pediu a liberação de R$ 70 milhões via emenda de bancada. O ano de 2017 foi o pior dos últimos três quanto ao repasse de recursos do OGU para a Adutora do Agreste. Foram R$ 94 milhões em 2015 e R$ 136 milhões em 2016. Também participaram da audiência com o ministro o deputado federal Fernando Monteiro (PT), o deputado federal e secretário estadual de Habitação, Kaio Maniçoba (PMDB), e o presidente da Compesa, Roberto Tavares.
O governo do Estado incluiu a construção da Adutora do Moxotó que vai transportar a água do Eixo Leste, de Sertânia a Arcoverde – num percurso similar ao Ramal do Agreste. A Adutora do Moxotó terá cerca de 20% da capacidade de transporte do Ramal do Agreste e está sendo construída pelo governo do Estado também com dinheiro da União.