Atualizada às 21h10
Presidente nacional do MDB, o senador Romero Jucá vai até o extremo para entregar o partido em Pernambuco ao também senador Fernando Bezerra Coelho. Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta quinta-feira (12), Jucá criticou o tom agressivo do MDB local e disse que não vai “entrar nessa baixaria”. “Não queremos expulsar ninguém do partido. Política não se faz dessa forma”, comentou.
Por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, o comando do MDB local está com o vice-governador Raul Henry, que quer manter a sigla na chapa do governador Paulo Câmara (PSB). Para Jucá é legítimo que o partido deixe o PSB, que é oposição ao presidente Michel Temer, e marche na oposição. “Não vamos marchar com o atual governador, pois ele é do PSB e o partido vive agredindo o MDB”, destacou.
O senador disse que o deputado Jarbas Vasconcelos sabia desde o começo que FBC seria o candidato ao governo do estado e que teria assegurada a candidatura ao Senado. Porém, de acordo com Jucá, Jarbas recuou depois, “talvez por pressão de Raul Henry”.
Sobre a possibilidade de FBC assumir em definitivo o comando do MDB de Pernambuco e ainda assim Jarbas ser lançado a senador, Romero Jucá diz que na política “tudo é possível”. Para ele, porém, é preciso ver o clima das alianças. “Estamos explicando no Supremo e vamos aguardar a situação”, afirmou Jucá.
Raul reagiu com indignação às declarações. De acordo com o vice-governador – que reconquistou o comando do MDB-PE graças à decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF) –, “quem conhece Jarbas sabe que ele não é homem de se submeter a pressão”. O emedebista também argumentou que as atitudes de Jarbas e do próprio FBC podem comprovar que o discurso de Jucá é falacioso.
“No dia 31 de agosto, também em entrevista à Rádio Jornal, Jarbas elogiou a possibilidade de Fernando Bezerra Coelho entrar no MDB. Geraldo Freire então perguntou qual era a chance de haver um rompimento da aliança com Paulo Câmara e ele respondeu que era zero. Essa é a primeira evidência de que essa conversa não existiu. A segunda é que quem faz uma aliança não destitui o outro de uma posição que ele ocupa, e Fernando Bezerra Coelho pediu a dissolução do partido em Pernambuco dois dias antes de se filiar. Que tipo de apoio político é esse? Eu desconheço”, disparou Raul.
Procurado para comentar as afirmações de Jucá, Jarbas evitou falar especificamente sobre o suposto acordo com o senador e FBC. Por nota, o deputado disse que o presidente do seu partido é “desequilibrado e desajustado politicamente e socialmente” e que sente-se feliz e orgulhoso em “ser alvo de ofensas e observações por parte de uma pessoa com a folha corrida como a de Jucá”.
Sobre ministros de Temer que são investigados, Jucá disse que não há recomendação para que deixem suas pastas. Jucá deixou o Ministério do Planejamento em 2016 após divulgação de conversa em que Jucá sugere um "pacto" para possivelmente barrar a Lava Jato ao falar com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
À Rádio Jornal, ele disse que a Lava Jato presta um serviço importante ao País, mas que existem excessos. "O Brasil passa por um momento de criminalização da política. Três denúncias contra mim já foram arquivadas e todas serão”, disse. "Não adianta a gente investir contra a Lava Jato", completou.
Sobre a negativa pela Justiça de autorizar a prisão dos amigos do presidente Michel Temer, Jucá acredita que esses amigos “foram mencionados em uma acusação extremamente frágil”. Como líder do governo no Senado, Jucá diz que a posição é de não retirar nenhum ministro que está sendo investigado do cargo.