Em entrevista a Rádio Jornal desta quinta-feira (12), o senador Humberto Costa (PT) lamentou mais uma vez a saída do ex-prefeito do Recife João Paulo do PT, em meio às divergências internas do partido sobre a candidatura própria ao governo ou a possibilidade de aliança com o PSB, Mas assim como outras lideranças do PT defendem, como o próprio presidente estadual, Bruno Ribeiro, o ex-prefeito também perdeu com a sua desfiliação.
“O PT perdeu uma figura de peso, de proa, uma liderança extremamente importante e por outro lado João Paulo se açodou em sair do partido. Reconheço claramente que muitas pessoas nesse processo de discussão interna sobre as eleições de 2018 passaram do limite, agredindo violentamente a João Paulo e isso se estendeu a mim também. Eu acho que a paciência dele chegou a um limite e ele saiu, mas nós lamentamos que isso tenha ocorrido e como eu disse, vamos perder o PT, mas acho que ele vai perder também porque sempre foi uma pessoa muito ligada a história do PT”, avaliou o senador.
Para Humberto, o ex-prefeito escolheu sair em uma hora não muito favorável. “No momento em que o partido está vivendo essa crise e o presidente Lula também e isso pode ser mal compreendido pelas pessoas", disse. João Paulo se filiou ao PCdoB na última sexta-feira (6), dia decisivo para o seu agora ex-partido, que acompanhava o ex-presidente Lula no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista na iminência da sua prisão, decretada na quinta (5) pelo juiz Sérgio Moro.
O prejuízo eleitoral ao perdeu João Paulo é uma preocupação para o PT, que tinha nele um bom puxador de votos nas eleições proporcionais. Humberto também cita a perda de capital eleitoral com a saída do presidente do PT em Recife, Osmar Ricardo, do deputado estadual Paulinho Tomé e do ex-prefeito de Águas Belas, Genilvaldo Menezes. “Isso também tem que ser analisado, que a candidatura própria vai dificultar ou vai facilitar a eleição de parlamentares, porque essa é a nossa prioridade nacional na eleição deste ano”.
Sobre a muito discutida aliança entre PT e PSB, Humberto Costa, que é visto como um dos defensores dela, adota um tom mais cauteloso, ao defender que o melhor projeto é o que viabilize a candidatura do ex-presidente Lula. Ele faz questão, porém, de ressaltar pontos de convergências entre os dois partidos que vêm sendo apresentados recentemente, como o posicionamento do PSB contra as reformas propostas pelo governo Michel Temer. Os gestos de Paulo Câmara de apoio a Lula também são lembrados. “A solidariedade que o PSB e especialmente o governador Paulo Câmara tem demonstrado nesse momento difícil do nosso partido e eu acho que isso também vai ser levado em conta. Eu diria que hoje a possibilidade de haver uma aliança cresceu com todo esse cenário que estamos vivendo. Mas a possibilidade de nós sairmos com a candidatura própria também continua a ser uma hipótese considerável”, afirmou.
Na contramão dessa aproximação, a vereadora do Recife Marília Arraes, uma das pré-candidatas do PT ao governo do Estado, já vem viajando pelo interior para fortalecer seu nome para o pleito. “Uma jovem que representa uma renovação política, tem feito um trabalho bonito, bom para inclusive o nosso partido se fortalecer. Se o partido decidir ter um candidato, sem dúvida ela é um nome muito forte. Agora, se para o partido for melhor uma aliança, eu tenho certeza também de que ela compreenderá e estará na linha de frente de uma eventual discussão como essa, como também se por acaso for ela candidata, eu estarei na linha de frente da mobilização de candidatura própria”.
Segundo o senador, na próxima semana a presidente nacional do PT e senadora Gleisi Hoffman deve acelerar os debates sobre as alianças nos estados. Uma pesquisa de opinião também será encomendada pelo partido em Pernambuco para avaliar a percepção do eleitoral quanto isso.