Pró-Bolsonaro

No Recife, manifestantes pedem veto ao projeto de abuso de autoridade

O ato estava marcado para acontecer em outras 79 cidades brasileiras

Da Editoria de Política com Estadão Conteúdo
Cadastrado por
Da Editoria de Política com Estadão Conteúdo
Publicado em 25/08/2019 às 14:39
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Leitura:

atualizada às 17h07

Manifestantes se reuniram na tarde deste domingo (25) na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife, para protestar contra o projeto que pune o abuso de autoridade, aprovado pelo Congresso Nacional, e que vai à sanção ou veto do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O ato aconteceu em frente a Padaria Boa Viagem. Segundo a organização, 10 mil pessoas participaram do ato. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público da manifestação.

Além do pedido do veto, a pauta ainda contemplou pedidos pelo impeachment dos ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes e a nomeação do procurador Deltan Dallagnol para procurador-geral da República.

O presidente do Liberta Pernambuco, Wilker Cavalcanti, ressaltou que o grupo pró-Bolsonaro não exerga vantagens do projeto. "Como a própria lei já fala, ela vai limitar a ação da autoridade no nosso país. A gente não pode deixar que isso aconteça. É uma lei com projeto extenso, que cansa para quem vai ler, mas nas suas sublinhas existe ali exatamente o que eu disse: objetos, nos artigos, que podem limitar a ação da polícia", disse Wilker. "Se em algum momento a Câmara quiser rever o projeto, que reveja, mas sem essas entrelinhas que o povo, que não entende e não para ler, saiba que o novo PL que será feito é benéfico, não somente para a população, mas para a saúde do Código Penal Brasileiro", acrescentou. 

Já a coordenadora do Vem Pra Rua, Maria Dulce Sampaio, explicou que quatro pontos estão sendo discutidos no ato. O primeiro seria o veto da lei do abuso de autoridade, o segundo seria o impeachment do ministro do STF Dias Toffoli, a prisão do ex-presidente Lula e por último seria a escolha do cargo de procurador geral da República, vaga atualmente ocupada por Raquel Dodge. 

"Fazemos um apelo ao presidente da República, que ele (Bolsonaro) coloque alguém na PGR (Procuradoria-Geral Da República) que tenha um perfil contra a corrupção. O Vem Pra Rua sugeriu o nome de Deltan, mas se não puder ser ele, que o presidente coloque alguém tão compatível quanto Deltan, porque ele e Sergio Moro estão se mostrando ícones da Lava Jato", explicou.

Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
- Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
- Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
- Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
- Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

Pelo Brasil

O humorista Marcelo Madureira teve que sair escoltado pela Polícia Militar de um ato organizado pelo Movimento Vem Pra Rua na praia de Copacabana, no Rio, por fazer críticas ao governo Jair Bolsonaro.

Do alto do carro de som, ele foi alvo de gritos de "fora" e "desce, teu carro é outro" por parte de manifestantes vestidos de verde amarelo e com camisas com o rosto do presidente da República e do ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro.

 

"Não tenho medo de vaias. Votei no Bolsonaro e vou criticar todas as vezes que for necessário. Como justificar uma aliança do Jair Bolsonaro com o Gilmar Mendes para acabar com a Operação Lava Jato? É isso que está acontecendo", disse Madureira antes de ter o microfone cortado.

Os organizadores tiveram que apelar ao público para "não dividir o movimento". Pouco depois, Madureira desceu e foi escoltado por policiais militares até um táxi, recebendo vaias de alguns e os parabéns de outros. "É uma minoria de pessoas que não sabem viver em um regime democrático. O governo está fazendo coisa errada", disse ao Estadão/Broadcast.

Liderando manifestações em mais de 60 cidades contra a Lei do Abuso de Autoridade neste domingo, o Movimento Vem Pra Rua, de apoio à Lava Jato, escolheu a casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) como um dos dois pontos de concentração no Rio. Ele é visto pelo movimento como o comandante de "manobra" que levou à aprovação "à toque de caixa e de madrugada" do projeto pelos deputados federais no último dia 14.

Por volta das 10h30 cerca de 80 pessoas vestidas de verde e amarelo se concentraram na porta do prédio de Maia, na praia de São Conrado, aos gritos de "Fora Maia" e "Veta Bolsonaro". Também levavam cartazes e faixas com inscrições como "Rodrigo Maia Inimigo da Lava Jato", "Botafogo apoia a corrupção", em referência ao suposto codinome atribuído a Maia em planilha da Odebrecht. 

Abuso de autoridade

O texto aprovado na Câmara define os crimes de abuso de autoridade cometidos por servidores públicos, militares, membros dos poderes Legislativo, Executivo, Judiciário, do Ministério Público e dos tribunais ou conselhos de contas. A proposta lista uma série de ações que poderão ser consideradas crimes com penas previstas que vão de prisão de três meses até 4 anos, dependendo do delito, além de perda do cargo e inabilitação por até cinco anos para os reincidentes.

Na ocasião Maia disse que o texto aprovado é o mais justo, por abranger todos os Poderes: "O texto é o mais amplo, onde todos os poderes respondem a partir da lei", destacou.

"É uma lei que não está protegendo o cidadão comum, mas os bandidos da velha política. O vetar tudo seria o recado de que ele (Bolsonaro) não vai retroceder na luta contra a corrupção", disse a coordenadora do Vem Pra Rua no Rio, Adriana Balthazar, para quem Maia é considerado um traidor.

O presidente Jair Bolsonaro vem sofrendo pressão de políticos, entidades de classe e até de Moro para barrar a lei. A medida é vista como uma reação do mundo político à Operação Lava Jato, pois permitiria criminalizar condutas que têm sido comuns em investigações no País. Na quinta-feira, 22, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao presidente que vete o texto

"O que temos visto é um ataque orquestrado contra algumas das maiores instituições do País, responsáveis pela maior operação anticorrupção do mundo, como o Ministério Público e seus agentes", diz o Vem Pra Rua no texto de convocação da manifestação.

Pedidos

Além do veto, os atos do Vem Pra Rua pedem que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, encaminhe para discussão na casa os pedidos de impeachment de Dias Toffoli, presidente do Supremo; a manutenção da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; a indicação de Deltan Dallagnol para procurador-geral da república.

Durante o ato, os manifestantes criticaram a retirada do Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Ministério da Justiça. Por medida provisória, o órgão foi transferido para o Banco Central, transformado, teve seu nome mudado para Unidade de Inteligência Financeira e teve sua composição alterada, permitindo o recrutamento de integrantes fora do serviço público, o que foi visto como uma forma de abrir o órgão para indicações políticas.

Vestida com uma camiseta com a foto de Moro e a hashtag #Morobloco, a manifestante Suzana Correa disse que a fritura do ministro pelo governo Bolsonaro " é coisa da imprensa". Afirmou, porém, que o ex-juiz e o ministro da Economia Paulo Guedes são os pilares do atual governo. "Não sou Bolsonaro, votei contra o que estava aí", disse.

Em São Conrado, a repórter do Estadão/Broadcast foi, por duas vezes, abordada de forma ameaçadora por manifestantes. Não houve agressão física.

Últimas notícias