Em um discurso repleto de críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), disse que em Pernambuco há democracia e não se comemora torturas. "Aqui tem democracia. Aqui se luta por liberdade. Aqui não se comemora tortura, não se comemora exílio, não se comemora prisão e execução do povo democrático brasileiro. Aqui se governa com o povo", disse Geraldo.
A declaração foi feita durante a abertura da etapa do Seminário Todos por Pernambuco na Região Metropolitana do Recife, na quadra coberta do Parque Santos Dumont, em Boa Viagem, Zona Sul da capital, nesta quarta-feira (4). O governador Paulo Câmara (PSB) e vice-governadora Luciana Santos (PCdoB) também participam do evento.
O prefeito recifense também criticou o contingenciamento de recursos para o programa Minha Casa Minha Vida, que corre risco de parar em 2020. "O governo está acabando com o Minha Casa Minha Vida. Acabando com a dignidade das pessoas de poder receber a sua casa. Acabando com os empregos gerados pelo programa"
Geraldo acusou ainda o Governo Federal de sucatear o metrô do Recife propositalmente e criticou o aumento do valor da passagem do modal que fica mais a partir do próximo domingo (8). No terceiro aumento entre os previstos desde maio de 2019, o bilhete passará a custar R$ 3. O segundo reajuste aconteceu no dia 7 de julho, quando a passagem passou de R$ 2,10 para R$ 2,60. Até março de 2020, depois de passar por seis reajustes escalonados, a tarifa ficará em R$ 4
"Nós aqui no Recife e na RMR (Região Metropolitana do Recife) somos testemunha, estão sucateando metrô. Sucateando de propósito. Somente esse ano, o metrô já parou mais de 80 vezes. O serviço piora a cada dia", disparou o prefeito. Ainda de acordo com o Geraldo Julio, as panes ocorridas neste ano tiveram como objetivo justificar o aumento no valor das passagens do metrô, autorizadas pela justiça.
"É isso que o Governo Federal está fazendo com o transporte das pessoas. É isso que tá sendo feito pelo Governo Federal para quem usa o transporte público. Sucateia, dá pane, para o serviço, piora o metrô e aumenta a passagem em 84%. É isso que esse governo quer entregar ao povo brasileiro e ao povo nordestino", afirmou.
Na manhã desta quarta, Bolsonaro afirmou que a Comissária dos Direitos Humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, está "defendendo direitos humanos de vagabundos". Ele também atacou o pai da ex-presidente do Chile, morto durante a ditadura militar chilena em decorrência de torturas sofridas no cárcere.
Ao votar pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, Bolsonaro exaltou a memória do ex-chefe do DOI-CODI de São Paulo, um dos maiores centros de repressão da ditadura, palco de mais de 40 assassinatos e de pelo menos 500 casos de tortura, coronel Brilhante Ustra em seu discurso. "Perderam em 64, perderam agora em 2016. Pela família, pela inocência das crianças em sala de aula, que o PT nunca teve, contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo Exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim", disse.