Investimentos na área de Recursos Hídricos têm pautado as esferas federal e estadual em Pernambuco. Uma semana após o líder do Governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB), publicar um vídeo em suas redes sociais - no dia 15 de janeiro - afirmando que o presidente da República irá entregar a maior obra hídrica de Pernambuco, em referência a construção do Ramal do Agreste, o governador Paulo Câmara (PSB) iniciou nesta quarta-feira (22) uma agenda extensa no Agreste para levar ações do setor hídrico.
O Governo do Estado decretou, conforme publicado no Diário Oficial, no último sábado (18), que 61 municípios da região estão em situação de emergência por um período de 180 dias devido a forte estiagem. Ainda assim, essa situação retoma as cobranças sobre investimentos que possam amenizar o impacto da seca.
O primeiro compromisso do governador Paulo Câmara foi a inauguração do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) de Jucati, São Pedro e Neves. Ele irá beneficiar os municípios de Garanhuns e Jucati, no Agreste Meridional. Com um investimento de R$ 6 milhões, a iniciativa vai levar água para cerca de 15 mil habitantes, sendo 100% da população urbana da cidade de Jucati e das localidades de Neves (distrito) e São Pedro (em Garanhuns). "Nós temos que mostrar que estamos enfrentando essa questão da seca, da falta de água, com planejamento. O primeiro momento, era fazer a água chegar com estruturas novas, onde a água não chegava. Houve uma série de investimentos que foram feitos, outros estão acontecendo ainda, mas aos poucos estão se tornando realidade", afirmou o gestor.
"E a partir dessa realidade, vamos ter um dever de casa importante, principalmente da Compesa, em garantir a regularidade, qualidade, em garantir efetivamente que não haja mais interrupção nesse planejamento e nesse abastecimento de água. Para que possamos ter efetivamente a melhoria da qualidade de vida, e a certeza de que essa água está chegando com regularidade com a devida qualidade", complementou Câmara.
Em Caruaru, o governador assina a ordem de serviço para a requalificação e complementação da rede coletora do sistema de esgotamento sanitário. A obra que representa um montante de R$ 3 milhões vai beneficiar 90 mil habitantes (30% da população urbana da cidade). O socialista também visita a obra de expansão do sistema de esgotamento sanitário Alto do Moura e Rendeiras, a obra de requalificação de estações elevatórias de esgoto do SES Caruaru e as obras do Parque Janelas para o Rio. Por fim, na cidade de Bezerros, o gestor visita as obras do sistema de esgotamento sanitário do município. A primeira etapa da implantação conta com um investimento de R$ 43 milhões (obra e materiais), beneficiando cerca de 19 mil habitantes.
Para o deputado estadual Tony Gel (MDB), Pernambuco é o estado que mais tem investido em recursos hídricos. O que tornaria natural que tanto o governador busque divulgar as ações que são de competência de sua gestão, quanto o representante do Governo Federal, na figura do senador Fernando Bezerra, também reforce os investimentos que estão sendo repassados para a região. “O importante é que não falte dinheiro para Pernambuco, quem ganha é a população. O governador (Paulo Câmara) está certo em divulgar as ações, são adutoras sendo construídas, barragens, estações de tratamento de esgoto. O que é natural também para o senador Fernando Bezerra divulgar o que tem sido feito em parceria com o Governo Federal ”, ponderou.
Mas, segundo Fernando Bezerra, o nível de investimentos do governo estadual é muito menor. “O governo Bolsonaro desembolsou R$ 530 milhões para que a obra pudesse estar a todo vapor, mais de 2.400 pessoas trabalhando e mais de 800 equipamentos, vamos continuar priorizando essa obra para que em fevereiro de 2021 o presidente possa entregar a maior obra hídrica do Estado de Pernambuco”, afirmou o senador no vídeo.
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O deputado Lucas Ramos (PSB) rebate as críticas do líder emedebista, lembrando que no Projeto de Lei Orçamentária Anual para o exercício de 2020, a Compesa se destaca como a estatal com orçamento mais volumoso, representando 72,6% de todo o valor previsto para investimentos das empresas - o que representaria um reforço nas ações de estrutura hídrica. “O papel do estado é extremamente importante na articulação desses investimentos. O recurso tem origem do Governo Federal, mas ele passa a ser do Estado na hora que é assinado o convênio”, pontuou.
“O interessante é que o senador Fernando Bezerra deve sofrer de amnésia, porque quando ele era da base de Paulo, ele reconhecia o esforço do Governo do Estado, agora que é do Governo Federal, desconhece a importância da parceria”, disparou o parlamentar. Para Lucas, a repercussão destas ações conveniadas dirá muito sobre como se dará os próximos processos eleitorais. “Isso diz muito como se dará às eleições próximas e o reflexo em 2022”, afirmou Lucas Ramos, que tem colocado seu nome para a disputa a Prefeitura de Petrolina, no Sertão do Estado.
Ramal do Agreste
Jair Bolsonaro fez uma publicação, ainda em 2019, explicando o andamento da obra. "O Ramal do Agreste não começou em nosso Governo, mas não deixaremos obras paradas, em respeito aos recursos públicos e aos nossos irmãos do Nordeste", escreveu o presidente quando fez a publicação.
Em entrevista recente ao Jornal do Commercio, o ministro do Desenvolvimento Regional, o paranaense Gustavo Canuto, disse que a obra anda bem e que o governo federal está fazendo de tudo para manter a execução da obra, os pagamentos, mesmo com o arrocho fiscal. "Hoje, o Ramal do Agreste tem 2,6 mil homens trabalhando. O primeiro marco vai ser cumprido agora em fevereiro, quando a água vai chegar ao reservatório que fica no Km 38 do total dos 70 km do Ramal. É a entrega parcial. Tudo indica que vai ser cumprido o cronograma. Vai ser concluído inteiro em fevereiro de 2021", afirmou.
Saiba mais sobre o Ramal do Agreste:
Integrado ao Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco, o sistema adutor Ramal do Agreste irá beneficiar uma população de mais de 2,2 milhões de habitantes de 71 cidades de Pernambuco. A obra é do governo federal, executada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e conta com investimentos na ordem de R$ 1,6 bilhão, segundo o próprio ministério.
O empreendimento de infraestrutura hídrica captará água na barragem Barro Branco, em Sertânia, com desague no reservatório Ipojuca, em Arcoverde. O Ramal será interligado à Adutora do Agreste Pernambucano - sob a responsabilidade do Governo do Estado - mas que conta com apoio financeiro da União. Juntos, os dois empreendimentos garantirão o abastecimento regular da região com as águas do Velho Chico.
O Ramal do Agreste tem 70.8 km de extensão. Suas estruturas são compostas por dois Reservatórios, Negros e Ipojuca; cinco aquedutos-sifões que perfazem 3,2km; uma estação elevatória que elevará as águas em 219 m; seis túneis somando 16 km de extensão; uma adutora com 7 km e 42 km de canal revestido em concreto.