acidente no metrô

Deputados e vereadores debatem colisão do metrô no Recife

Os parlamentares cobraram providências do governo federal sobre a situação do metrô do Recife nesta terça-feira (18)

Alice Albuquerque e Luisa Farias
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Alice Albuquerque e Luisa Farias
Publicado em 18/02/2020 às 22:00
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Os parlamentares cobraram providências do governo federal sobre a situação do metrô do Recife nesta terça-feira (18) - FOTO: Bruno Campos/JC Imagem
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A colisão entre dois trens na manhã desta terça-feira (18) foi tema de de debate nas casas legislativas do Estado e do município. Na Câmara do Recife a discussão foi sobre a falta de investimento nos equipamentos de um dos mais importantes modais da cidade e também acerca do debate político de que gestão do governo é a culpada pelo sucateamento do modal que levou ao acidente. Já na Assembleia Legislativa do Estado, foi anunciado pelo deputado estadual William Brígido (Republicanos) que a Comissão de Mobilidade Urbana se reuniu na última segunda-feira (17) para discutir o cronograma de reuniões que devem ocorrer até o mês de agosto. 

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Não cabe ao legislativo municipal e estadual a competência de melhorias na infraestrutura do Metrorec, no entanto, cabe a discussão. O professor e cientista político Hely Ferreira ressaltou que existe uma cobrança da população com a Prefeitura em relação ao transporte coletivo, e criticou a forma que os usuários dos transportes são tratados. "No dia a dia, colocar ar-condicionado não é a solução do problema. Lembro que a propaganda do BRT era uma maravilha, bastou começar a funcionar para se ver a superlotação e agora o governo diz que quer acabar. O poder legislativo tem o dever de fiscalizar o que ocorre no município, diferente de quem é pré-candidato, e só se torna candidato depois que a candidatura é homologada”.

O vereador João da Costa (PT) disse que deu entrada em um requerimento para a realização de uma audiência pública para discutir a situação do Metrorec e os impactos na mobilidade. De acordo com o petista, a linha vermelha foi estabelecida e é preciso uma iniciativa para que o serviço volte a funcionar. "Me parece que a CBTU está inclusa no processo de desestatização, essa parece ser a solução apontada pelo novo governo. Se a solução for a privatização, não pode deixar o metrô nesse período ameaçar a vida e a segurança das pessoas. É preciso ter o processo que isso garante e acho que é responsabilidade nossa". 

O vereador André Régis (PSDB) lembrou que nos primeiros anos depois da inauguração do metrô do Recife ele sempre ganhava destaque de limpeza, e defendeu que o governo federal não teve tempo "para que ele tivesse a capacidade destrutiva de levar o metrô a essa atual circunstância de agonia". "É preciso um amplo entendimento entre o governo federal, responsável pelo metrô, mas também envolvendo o governo estadual e municipal, para encontrarmos uma saída para o metrô, que não pode ser abandonado pelo poder público e pelas esferas federais", argumentou. 

A defesa da implementação de metrô submerso no Recife foi tema do pronunciamento do vereador Rodrigo Coutinho (SD), que também agradeceu não ter tido vítimas no acidente. "A gente lamenta o ocorrido de hoje e ficamos felizes que não precisou ter aqui um minuto de silêncio, mas não houveram vítimas". 

O líder do governo Eriberto Rafael (PTC) recordou as paralisações das linhas com o aumento das passagens e "é uma insatisfação constante da população em relação ao transporte". "A gente precisa cobrar do governo federal e apontar também de onde está vindo o erro, e buscar a integração para que haja uma melhora desse transporte. O governo federal tem um olhar muito pequeno para as coisas que a população mais precisa". 

Para o cientista político Elton Gomes, existe um problema na divisão de competências administrativas no Brasil, que têm implicações sérias no desempenho dos serviços públicos. "Quem tem responsabilidade é o governo federal através do CBTU. Entretanto, como a gente tem visto, vamos pegar uma questão simples, dentro do metrô tem policiamento, quem está lá é a policia militar, mas tem que tomar conta das instalações da CBTU, patrimônio, cabos de cobre, quem toma conta disso é o guarda municipal que está subordinada à prefeitura".

Por sua vez, a vereadora Michele Collins (PP) fez uma comparação entre o metrô do Recife e de São Paulo e citou que o Partido Progressista esteve à frente do metrô "as dificuldades eram muito grandes, principalmente nos governos que o senhor citou (André Régis sobre o governo do PT e do PSB)". "Seja qual for o governo, o que interessa é que o povo merece respeito e estamos aqui nesta Casa para ser a boca do povo e não vamos nos calar", protestou. 

O vereador Rinaldo Júnior (PSB) rebateu a defesa de André sobre o tempo do atual governo. "A culpa é sim do governo federal. Um ano e dois meses de governo deu para ter três aumentos e o quarto vai ser no dia 1 de março, para R$ 4. A manutenção das passagens dos preços populares é política social sim, porque quem usa o metrô é o pobre, o trabalhador, o assalariado. Vamos tirar a culpa de qualquer governo municipal e estadual, o sucateamento vem de 30 anos atrás". 

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O vereador Jairo Brito defendeu os ataques que os demais parlamentares fizeram ao PT. “Quem tem que ter responsabilidade é o governo que está assumindo no momento. No governo do PT, além de não ter tido aumento de passagem, não houve batida de trens”, respondeu.

Comissão de Mobilidade Urbana na Alepe

Também na tarde desta terça-feira (18) na Assembleia Legislativa do Estado, o deputado estadual William Brígido (Republicanos) convidou a população, os parlamentares e os membros da Comissão de Mobilidade Urbana para participarem das audiências públicas que já estão marcadas e acontecerão até agosto deste ano. 

O presidente da Comissão de Mobilidade Urbana da Alepe, William Brígido (Republicanos) ratificou a importância da presença dos membros da comissão especial nas audiências que serão realizadas pela comissão “o que reflete o respeito e o compromisso com os usuários do transporte público”. “A colisão com mais de 40 pessoas atingidas é um retrato da situação em nossa capital. Não só o metrô, mas todos os modais que compõem a mobilidade urbana do Recife, da Região Metropolitana e algumas cidades do interior passam por um momento de grande desafio, e por que não dizer até dificuldades? Como presidente da Comissão de Mobilidade Urbana e membro do conselho metropolitano de transporte de Pernambuco, estou trazendo a essa casa os problemas, os desafios e as propostas para buscarmos uma solução, pois acreditamos nessa solução”. 

Para o deputado estadual João Paulo (PCdoB), a colisão serviu para reafirmar a denúncia “que nós vínhamos fazendo aqui sobre a situação do metrô”. Acho que há muito tempo nós vínhamos falando da importância do transporte coletivo de massa e o metrô que em todo mundo desempenha um papel fundamental e aqui ele está sendo cada dia mais sucateado, as condições precárias, levando a um processo de privatização e de entrega do metrô da Região metropolitana”, ele completou o colapso que o metrô representa para a população e, principalmente, para os trabalhadores.

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